Rafael Cosentino (*)
Em um ambiente cada vez mais dinâmico e instantâneo – graças às mídias sociais – é comum buscarmos alternativas imediatas para nossos problemas, nossos negócios e até para nossa vida privada.
Entretanto, com o avançar da idade, aprendemos que nem sempre o que é rápido é a melhor solução e, às vezes, é necessário dar espaço e tempo para algumas atividades e refletir sobre as opções antes de tomar uma decisão.
No campo dos negócios e da carreira, essa regra também é válida, mas quando você, que possui sua empresa há quase 20 anos, começa a olhar em volta e repara que diversas pessoas que acabaram de começar seus negócios passam a ser exaltadas como super executivos e, da noite para o dia, transformam-se em palestrantes, entrevistados do mês, gurus de jovens, entre outras atividades públicas de imagem, você se pergunta: será que fiz tudo certo?
Algumas vezes, essas respostas chegam com pouco tempo, quando empresas que foram carimbadas como novos cases de sucesso, simplesmente, nem cinco anos depois, já não existem mais e seus executivos foram jogados para as margens da história mais uma vez.
Aqui vem o primeiro ponto, no qual devemos separar o sucesso imediato ou uma imagem de sucesso de uma carreira bem-sucedida e, logo em seguida, acrescentar nessa equação o fator tempo, que pode tanto ratificar que algo era incrível, como pode destruir tudo na mesma intensidade.
O investidor, escritor e palestrante João Kepler falou uma vez sobre a importância do tempo para a maturação de bons investimentos e sobre como uma empresa idealmente chega em sua maturidade com 7 a 10 anos, isto é: a empresa finalmente se consolida com quase uma década de existência. Sempre existem as empresas exponenciais, mas estas são pontos fora da curva padrão e nunca a regra. A grande maioria das empresas ou segue essa curva média de maturação ou acaba fracassando.
Outro ponto importante é não confundir dar tempo ou refletir sobre algum tópico com inércia ou incapacidade de gestão. Deixar algum tema para reflexão ou criar um objetivo de mais longo prazo não significa que o negócio dará certo sem trabalho e suor. O tempo é adicionado na equação do trabalho, suor, dor e aprendizado. O chamado fail-fast é muito importante, mas às vezes não é possível testar algo de forma rápida, sendo necessário deixar o tempo maturar as ações da sua empresa.
Assim como não é possível construir uma parede sem esperar o cimento entre os blocos secarem, todas as atividades precisam e devem ter um tempo para acontecer, é essencial buscar sempre calibrar qual deve ser esse tempo, sem pular etapas, pois esses “pulos” poderão gerar um retrabalho futuro ou quem sabe até o fracasso.
Assim, da próxima vez que você estiver analisando, seja um investimento, seja sua empresa, seja sua carreira, seja sua vida, não se esqueça de incluir este fator e lembre-se: da mesma forma que o sucesso vem rápido, ele pode acabar imediatamente.
Já o que é de fato bem-sucedido, graças à solidez do tempo que levou para ser conquistado, pode perdurar por muito anos.
(*) – É presidente e sócio do LIDE Futuro.