Eliana Dutra (*)
Essa necessidade de equilibrar todas as esferas da vida é recente.
Vivemos numa época de fórmulas prontas e de padrões que ditam como deve ser o caminho para o sucesso e para a sobrevivência no mundo organizacional que exige cada vez mais energia e, principalmente, tempo. Com certeza você já deve ter ouvido por aí, por exemplo, inúmeras dicas de como administrar a carreira e a vida pessoal. Mas, você já parou para pensar que pode não existir esse equilíbrio perfeito tão prometido?
Isso porque vivemos a falsa ilusão de que devemos equilibrar todos os pratos (carreira, família, amigos, saúde etc.) ao mesmo tempo. E em muitos períodos da vida pode se tornar impossível. Neste momento, algum cairá no chão e fatalmente quebrará. E não há culpa nenhuma nisso. É preciso aprender a conviver com essa realidade porque a vida é feita de escolhas e todas elas têm consequências.
Mas, você pode estar se perguntando como manter o equilíbrio daquilo que você considera fundamental. Aqui é importante notar que “equilíbrio” é algo muito pessoal, pois tudo depende do que você valoriza nesta determinada fase da sua vida. Por exemplo, se você gosta de trabalhar mais de oito horas por dia, se vive bem com isso e a sua rede de apoio, família e filhos, entende que isso é importante para você, não há problema algum.
Esse é um ponto importante: o seu companheiro (a) deve estar em sintonia com os mesmos valores que você, pois se ele (a) faz questão de jantar com toda a família junta às 7h da noite e você nunca está lá, certamente os conflitos surgirão. É preciso um acordo e um alinhamento dos valores com o parceiro (a) de vida para que todos saiam satisfeitos.
Se você lembrar das aulas de história, no mundo da manufatura, antes da revolução industrial, quando a produção era realizada de forma muito simples, um sapateiro e seus dois ajudantes, por exemplo, não precisavam se equilibrar entre trabalho e vida pessoal. Porque era tudo a mesma coisa: as pessoas moravam no mesmo local do negócio, ou seja, viviam no trabalho. E ninguém achava estranho, ou seja, era a vida como ela era.
Essa necessidade de equilibrar todas as esferas da vida é recente. Mas, é preciso perceber que não há um modelo ideal, o qual se deva aderir. O “dever de casa” a ser feito é descobrir qual é o seu equilibro pessoal. Algo do tipo: gosto de ficar mergulhado no trabalho ou priorizo mais as relações emocionais? Tendo a consciência de que não há certo ou errado e que não podemos ter tudo. Uma escolha, em muitos casos, fará com que você abra mão de outra. É a vida como ela é.
Então, é necessário desenvolver o autoconhecimento, refletindo sobre o que te traz o sentido de realização, o que você de fato valoriza no longo prazo, não só quais são as suas necessidades imediatas. A partir daí, você perceberá que pode escolher qual o “prato” que deixará cair, pois diferente do nosso exemplo do sapateiro, você pode escolher.
(*) É CEO da ProFitCoach, Master CoachCertified pela ICF e Membro do Grupo Nikaia.