Luiz Carlos Hauly (*)
A retomada do crescimento e o reequilíbrio das finanças do Estado exigem medidas severas, algumas dolorosas.
A posse de Michel Temer na presidência e o despejo de Dilma Rousseff do Palácio da Alvorada, que ocupou enquanto respondia ao processo que resultou em sua cassação, encerram um longo período de trevas, ameaças, mentiras e saque ao patrimônio nacional protagonizado pelo PT. E o alvorecer da liberdade: não teremos, a partir de agora, a perseguição implacável aos adversários que o PT adotou como método.
Recuperamos a liberdade, que nos foi negada por mais de uma década, e com ela revigora-se a esperança de que o Brasil volte a trilhar o caminho do desenvolvimento e da harmonia social, traçado e seguido por Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso, os dois presidentes anteriores à ascensão do PT ao governo central. Caminho do qual o PT desviou o país para satisfazer a seu projeto de poder, causando com isso uma das mais severas crises econômicas e fiscais de nossa história.
O PT se foi – espero que para os séculos dos séculos, amém -, deixando atrás de si um país em estado agônico e uma nação conflagrada e aflita com o futuro. Os desafios que competem a Temer são, portanto, gigantescos.
A retomada do crescimento e o reequilíbrio das finanças do Estado exigem medidas severas, algumas dolorosas, mas a missão do presidente vai mais longe: espera-se dele, além de ações paliativas, reformas profundas na área econômica e também política. E, claro, um comportamento pessoal e do seu entorno de comedimento e lisura – duas coisas, entre outras tantas, que o PT foi incapaz de praticar.
As reformas econômicas não podem prescindir da fiscal, necessidade tantas vezes adiada e que as circunstâncias clamam para ser implementada com urgência. O Brasil arrecada muito e mal, sangrando o setor produtivo. Economista que sou e autor de várias propostas de reforma fiscal, já me pus à disposição do presidente Temer para assessorá-lo nessa área.
A reforma política tem de permitir que o eleitor fiscalize com mais rigor seus representantes no Legislativo, e isso somente se obterá com o voto distrital, seja puro ou misto. E o presidente da República não pode concentrar tantos poderes como hoje, compartilhando-os com o Congresso. O presidencialismo parlamentar é uma fórmula que deve ser considerada com seriedade.
O enunciado acima expõe apenas o mais premente. A correção de rumo demandará manobras radicais e tomadas de atitude drásticas, incluindo obviamente a reforma do Estado, agigantado pelo petismo para abrigar os companheiros, financiar criminosamente suas atividades e ludibriar a opinião pública. Além de arrecadar muito e mal, o Estado gasta mal e muito. É preciso torná-lo mais racional e eficiente e conter sua volúpia por recursos.
A liberdade é radiosa, mas terá de esgueirar-se por muitas sombras. A principal delas, no entanto, foi deixada para trás: o petismo, convertido por conta de seus crimes num espectro que teima em assombrar a nação. Mas a nação acaba de demonstrar, de forma categórica, que venceu o medo e optou pela esperança.
Libertas quae sera tamem: liberdade, ainda que tardia!
(*) – É deputado federal (PSDB-PR).