Liandra Pellegrini (*)
Estamos vivendo uma nova era. O avanço do coronavírus (Covid-19) mudou drasticamente a ideia de mundo que até então conhecíamos.
Além das consequências na saúde, o vírus trouxe condições até então impensadas à humanidade, e até nos fez refletir. Um dos ensinamentos que julgo interessante é a respeito do futuro da humanidade e das responsabilidades de cada ser humano, uma vez que, nossas escolhas e as consequências estão atreladas a elas. Outro, é o valor que damos ao próximo, considerando atributos como a compaixão e o respeito seja de quem for. Tendo em vista esse cenário, quais são as responsabilidades da área de Recursos Humanos?
Buscando dar sentido às suas vidas, através de um propósito mais significativo que vai além das rotinas habituais de trabalho e dos diversos papéis desenvolvidos, muitas pessoas estão passando por um processo de ampliação de suas consciências. Na área corporativa, não é diferente. Com olhar holístico, algumas empresas passaram a ressignificar suas missões e visões, assumindo um compromisso de ética, responsabilidade e sustentabilidade para com algo muito maior, capaz de envolver seus colaboradores, sociedade e acionistas, transformando e contribuindo para o fomento de um mundo melhor.
Essas empresas também visam lucro e tem como objetivo continuar crescendo, no entanto, ao mesmo tempo, entendem seu papel perante à sociedade, o meio ambiente e o seu compromisso com as futuras gerações. As organizações que estão conseguindo fazer essa transformação de significado e propósito são chamadas de espiritualizadas. Nesse sentido, os profissionais que atuam na área de gestão de pessoas também precisaram entender e se reinventar para acompanhar esse novo momento e a nova forma de olhar.
Nunca como agora, foi tão necessário colocar em prática o conceito de diversidade, em que cada um é único e especial, assim como suas necessidades e particularidades. Hoje, não há mais espaço para uma área de Recursos Humanos que seja orientada apenas para cumprir a legislação, realizando somente atividades operacionais. O significado de um RH estratégico se faz necessário. Essa transformação vai muito além do que simplesmente criar um nome mais significativo para a área.
Continuamos falando de pessoas que possuem um contrato de trabalho e que são remuneradas por suas entregas. O que realmente mudou é que agora esses profissionais têm um poder de escolha muito maior, e podem optar por fazer parte ou não de uma organização, levando em consideração seus valores pessoais e propósitos de vida.
O RH é uma área que conquistou seu espaço e se tornou fundamental para o sucesso de qualquer negócio. No entanto, são as pessoas que entregam a estratégia, e a cultura que define o como essas entregas acontecerão. A cultura empregada deve assegurar que haja respeito e cuidado com todos, isso é o certo a fazer. Apenas desse modo, é possível fazer valer os direitos e deveres de cidadãos responsáveis, éticos e solidários.
A nova área de RH precisa estar preparada para falar abertamente de assuntos que antes eram considerados tabus. Nunca foi tão premente dialogar a respeito de ética e integridade, igualdade na diversidade, respeito pelas pessoas, inclusão e conectividade. Hoje, os indicadores mudaram, não se mede mais turnover e absenteísmo, homem/hora e outros.
O que torna a área diferenciada, é saber qual é o índice de engajamento dos colaboradores, números de homens e mulheres em posições de liderança, por quanto tempo esses profissionais permanecem na empresa, qual é o percentual de empregados por faixa etária, evolução de sucessores prontos para assumir posições de liderança, número de promoções, etc. Esses indicadores que demonstram o quanto a empresa está aberta à diversidade e ao desenvolvimento efetivo de seus colaboradores, para que estejam capazes de inovar, com competência e responsabilidade.
O novo RH deve estar apto para olhar para o presente, sem se descuidar do futuro. Isso significa cuidar das pessoas, entendendo o momento de cada uma, apoiando-as da melhor forma possível e não deixando de lado o seu progresso na empresa, bem como sua saúde física e mental.
(*) – É diretora de Recursos Humanos da Statkraft no Brasil.