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O impacto crescente das eleições no cenário econômico mundial

em Artigos
quinta-feira, 05 de setembro de 2024

Charles Laganá Putz (*)

No ano em que o maior número de pessoas irá às urnas para eleições nacionais em toda a história, inclusive em países como o tão influente e poderoso Estados Unidos, uma discussão sobre a volatilidade política e seus efeitos na economia global vem à tona. Mudanças de rumo, como a retirada da candidatura de Joe Biden, suscitam inquietações.

No entanto, não é aí que residem as maiores preocupações dos mercados. Além dos EUA, Parlamento Europeu, França, Inglaterra, Índia, Rússia, Ucrânia, Irã e Indonésiaezuela tiveram ou terão eleições neste ano ainda mais polarizadas do que costumavam ser. Estas eleições podem impactar significativamente o cenário político e econômico global.

Eleições polarizadas geram incertezas e inquietações no cenário econômico mundial. Embora as disputas por questões de conservadorismo ou progressismo em valores tendam a atrair mais atenção, são as diferenças na abordagem sobre relações internacionais, além das alianças e políticas econômicas, que mais afetam os mercados, podendo impactar o desenvolvimento econômico global e até gerar ameaças de conflitos.

Historicamente, as eleições em países democráticos não provocavam grandes flutuações nos mercados. As plataformas políticas dos candidatos, embora distintas, geralmente compartilhavam uma visão que não os diferenciava radicalmente. No entanto, o panorama atual é bastante diferente.

O mundo está mais dividido, e as posições dos candidatos divergem significativamente, criando um ambiente de incertezas que afeta a todos, refletido no conceito VUCA – Volatilidade Uncertainty (Incerteza) Complexidade e Ambiguidade.

Operadores de mercado aproveitam a volatilidade para, assumindo riscos, tentar tirar proveitos e ganhos. No entanto, investidores, por natureza avessos ao risco, reagem de forma cautelosa quando candidatos com visões extremas competem, resultando em uma postura de postergação de investimentos e retardando o crescimento econômico.

Até mesmo os habituados a especular nos mercados podem ter apreensão diante de possíveis medidas inéditas ou extremas em um ambiente VUCA.

O desejável para todos seria um mundo menos dividido, onde o resultado das eleições não impactasse tanto a economia e a vida de cada um. Contudo, a incerteza eleitoral se revela como uma força poderosa que molda o comportamento dos mercados globais.

Em um mundo onde as divisões ideológicas são acentuadas e as políticas econômicas variam amplamente, os investidores tendem a adotar uma abordagem mais conservadora. Esta cautela reduz o fluxo de capital, afeta o crescimento econômico e, por conseguinte, impacta o desenvolvimento global.

Conselheiros de Administração, CEOs e CFOs possuem capacidade limitada para influenciar os resultados das eleições ou a economia como um todo. No entanto, diante dos cenários prováveis que se apresentam, eles devem proteger as empresas de riscos, ao mesmo tempo em que devem evitar a perda de oportunidades.

Encontrar esse equilíbrio é um desafio, mas é uma busca essencial pela resiliência e o crescimento sustentável das organizações.

(*) – É sócio fundador da Verena Ventures e membro do Conselho de Administração do IBEF-SP (https://www.verena-ventures.com/).