Helcio Beninatto (*)
Muitos provavelmente já ouviram falar que o ideograma chinês que representa a palavra ‘crise’ é composto por dois símbolos: um significa “perigo” e o outro pode ser traduzido como “oportunidade”
Pois bem, muitas foram as crises que assombraram o mundo ao longo das últimas duas décadas: Tigres Asiáticos, bolha das pontocom, 11 de setembro, colapso do Lehman Brothers, crise econômica na Zona do Euro, apenas para citar algumas. É natural que alguns termos estejam associados a elas: retração, estagnação, desemprego, desinvestimento, especialmente quando se tratam de crises econômico-financeiras e de confiança como a que o Brasil está passando. Mas esta não é a primeira, e também não será a última que enfrentaremos.
No entanto, sou otimista por convicção e sempre tento observar o copo meio cheio. Enxergo períodos de crise como aqueles em que empresas e pessoas têm mais chances de empreender mudanças que provavelmente não fariam em épocas de calmaria. Esse é um bom momento para repensar muitas coisas. É hora de investir mais tempo de nossas tarefas diárias no gerenciamento de processos e de pessoas. É hora de conquistar a confiança e o envolvimento dos funcionários, pois no final do dia são eles os responsáveis diretos por fazer a roda da economia girar. É hora de formar novos líderes. Também é o momento de valorizar parceiros de negócios em quem se possa confiar.
No campo da tecnologia, mudanças simples podem representar a utilização mais inteligente de recursos e consequentes ganhos de escala, maior eficiência de custo e aumento da satisfação de clientes. Como os investimentos ficam mais baratos em momentos de crise, quem consegue manter sua geração de receita estável, terá mais fôlego para aproveitar oportunidades que surgirão para expansão de negócios e, assim, ganhar presença de mercado e de marca. Ou seja, a crise pode não ser tão ruim para os que têm musculatura para enfrentá-la e aproveitam para se preparar e sair na frente quando a crise passar.
Entendo como fundamental uma forte atuação da liderança das empresas e entidades públicas na condução de uma pauta de inovação que vá muito além do lançamento de produtos e serviços, mas que envolva, sobretudo, processos e modelos corporativos de vanguarda e no modo como administramos nossos profissionais e desenhamos a cultura corporativa. Em todas as esferas, os líderes têm de mudar suas estratégias de negócios e seus mecanismos de resposta para transformar crises em oportunidades.
E com esse espírito temos que encarar a situação que vivemos nesse país neste momento tão delicado. É preciso ter em perspectiva que apesar da crise momentânea que atravessamos, somos um país de oportunidades, com um mercado potencial enorme, que quando retomar, vai contemplar os que estiveram dispostos a investir nesse momento de turbulência. Temos que ter a coragem de enfrentar os desafios e a esperança de que com nossas ações e atitudes ajudaremos a escrever um futuro melhor para nós, nossos funcionários e colegas.
Cada um tem um pedaço dessa missão. Por menor que seja o impacto que achamos que podemos causar nos colegas, nas empresas, na família, na verdade estamos provocando um impacto na sociedade, no país e, por fim, no mundo. Podemos deixar um legado de atitudes corajosas e transformadoras. Podemos influenciar o espaço que ocupamos na dimensão que pudermos alcançar, sem restrições, sem limites.
Portanto façamos a nossa parte, somos todos responsáveis por escrever nosso futuro e se necessário rasgar o papel e começar de novo, temos que ter essa coragem, mas sempre enxergando, no mínimo, o copo meio cheio.
(*) – É presidente da Unisys na América Latina.