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O Brasil virou um celeiro para contratações globais

em Artigos
quarta-feira, 08 de janeiro de 2025

Tiago Monteiro (*)

É possível afirmar que o capital humano é o principal diferencial competitivo de uma empresa.

No entanto, o universo corporativo encontra cada vez mais dificuldades para preencher uma vaga, tornando o apagão de talentos um desafio de escala global que afeta companhias de todos os tamanhos e setores. Em 2024, uma pesquisa da consultoria Manpower Group identificou que 75% dos empregadores ao redor do mundo relataram problemas para suprir os cargos disponíveis. Diante desse contexto, o Brasil desponta como uma solução.

Segundo informações divulgadas pela empresa de RH Deel no “Relatório Global de Contratações Internacionais”, o país está no ranking dos cinco mais procurados por organizações estrangeiras, indicando um aumento de 43% no número de brasileiros contratados no exterior entre os anos de 2022 e 2023 nos quais Estados Unidos, Reino Unido, Suécia e Canadá aparecem entre os principais contratantes. Áreas como Tecnologia e Engenharia são algumas com o maior nível de interesse.

Historicamente, a mão de obra brasileira era associada a custos competitivos. Hoje, porém, os empregadores valorizam competências que vão além do custo-benefício. Profissionais do Brasil são reconhecidos por alta qualificação técnica e habilidades interpessoais, conhecidas como soft skills. Criatividade, resiliência e adaptabilidade, moldadas pela diversidade cultural brasileira, são diferenciais notáveis.

Além disso, o foco em aprendizado contínuo e a capacidade de solucionar problemas de maneira inovadora colocam o país em posição de destaque no cenário global. Em paralelo, a pandemia de Covid-19 foi um marco na transformação do mercado de trabalho, consolidando o modelo remoto e eliminando barreiras geográficas. Esse formato permitiu que brasileiros competissem em pé de igualdade com profissionais de outras regiões, ampliando oportunidades no mercado internacional.

Embora a “exportação” de talentos possa gerar preocupações sobre fuga de cérebros, há benefícios concretos para o Brasil. Primeiramente, as remessas financeiras enviadas por esses profissionais fortalecem a economia local. Em segundo lugar, a experiência adquirida em ambientes globais é reinvestida no país por meio de iniciativas empreendedoras e formação de outros profissionais.

Além disso, o destaque internacional melhora a reputação do Brasil como fonte de mão de obra qualificada. Para aproveitar ao máximo essa oportunidade, o Brasil deve investir em políticas que incentivem a qualificação profissional e a retenção de talentos. Programas de capacitação em áreas estratégicas, parcerias entre governo e setor privado e estímulos ao retorno de profissionais ao país são medidas importantes.

A exportação de mão de obra qualificada posiciona o Brasil como protagonista no mercado global de talentos. Enquanto os profissionais brasileiros conquistam novas oportunidades e crescem em suas carreiras, o país se beneficia economicamente e culturalmente desse intercâmbio. Ao conectar as habilidades únicas de seus trabalhadores às demandas internacionais, o Brasil não apenas supre uma lacuna, mas se consolida como potência em capital humano.

(*) – É fundador e CEO Global da LUZA Group (https://www.luzagroup.com/).