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O beco sem saída

em Artigos
quarta-feira, 01 de fevereiro de 2023

Benedicto Ismael Camargo Dutra (*)

Em época difícil como a atual é importante não perder o “pique”

Ou seja, a disposição, a motivação, a força de vontade de ir em frente, vivenciando e aprendendo, pois a vida assim o exige. Cair no desânimo é atraso de vida e perda de tempo.

Desde a crise do petróleo, em 1975, houve uma crise atrás da outra. Há indícios de que o começo desse ciclo foi em 1971, ano da ruptura do acordo de Breton Woods. Em 1980, houve a crise da dívida externa e aperto, com juros de 20% nos EUA; em 1998, a crise asiática; em 2001, a bolha na internet; em 2009, o subprime; em 2012, a dívida na Europa; e em 2020, a paulada da pandemia.

Agora, em 2023, vem a soma de tudo. Não houve previdência. Onde estão os sábios que deveriam estar pesquisando como melhorar as condições de vida na Terra? A humanidade se acha no beco sem saída, construído em séculos de cobiças. Mas isso não é mencionado, então a população é manipulada com a astuciosa técnica de comunicação, “gaslighting”, que insinua que o que o indivíduo está vendo e sentindo não é a verdade, mas a narrativa criada.

O assunto do dia é a inflação e recessão. Faltam mercadorias. O dinheiro flutua pelo mercado. Solução: recolher o dinheiro com a taxa de juros. Isso reduz o consumo? Mas e o déficit na oferta, como resolver? A miséria surgiu da imprevidência. Essa é a questão difícil; como ela se formou, como achar a saída? – Para onde vai o Brasil e as demais nações? Quem está se preocupando com os problemas econômicos e sociais que se agigantam, além do adensamento das catástrofes naturais? Aumentar o gasto resolve?

Se for um dispêndio aleatório é jogar dinheiro fora. Os gastos públicos têm de ser de tal forma que promovam retorno, ampliando a produção e a atividade econômica em geral, para assegurar a sobrevivência de forma condigna e que não seja uma dependência de esmolas com o dinheiro público. A população precisa de bom preparo, atividade e esperança de melhor futuro.

A política pão e circo só induz à decadência geral. A humanidade perdeu a memória dos acontecimentos essenciais da vida, desenvolvendo noções incompletas ou erradas.
O cinema se tornou a principal fonte de manipulação da opinião pública. Pode ter dado boas contribuições, mas os filmes, em sua maioria, depreciam o ser humano de qualidade, rebaixando-o a nível inferior ao do animal em seu instinto natural. A feminilidade vem sendo atacada já faz tempo.

Agora surge uma onda atacando a masculinidade. Desse jeito, como o trigo do pão nosso, tudo vai virar “transgênico”, sem que se saiba exatamente quais serão as consequências. Os desequilíbrios gerados por gestões comprometidas com interesses particulares criaram o intrincado cenário da sociedade. Uma edificação complicada com vários puxadinhos, que se transformaram num labirinto confuso.

Os países necessitam produzir; os produtores necessitam de regras claras, mas o oportunismo vai criando estímulos, restrições e arranjos que conflitam entre si. Não há uma unidade nem seriedade, quem pode mais obtém vantagens escandalosas, quem trabalha e produz se sente abandonado e humilhado, e a busca por vantagens especiais se torna uma constante, sem saída, só remendos.

As guerras e os armamentos evoluíram. No século 19, o Império Britânico, com sua imbatível frota naval, dominava um quarto da superfície da Terra e sua população. Ao lado dela a França também se destacava. A Alemanha foi desenvolvendo suas fábricas com produtos de qualidade e preço. Não tardou que surgissem conflitos e guerras.

Nesse período tomou corpo a guerra com bombardeio aéreo fulminante sobre as cidades. As elites intelectuais muito discutiram sobre essa forma de guerra extremamente cruel, como se as guerras em si já não o fossem. Por fim, surgiram as armas nucleares de extermínio em larga escala, desenvolvidas inicialmente pelos Estados Unidos e Rússia.

Em 2023, muitos países possuem esse tipo de armamento que coloca em risco a sobrevivência da humanidade. Os ânimos estão acirrados, os conflitos econômicos se avolumam. A impensável guerra total vai se desenhando na mente dos estrategistas e o grande risco para a humanidade será cair no beco sem saída construído por ela mesma.

(*) – Graduado pela FEA/USP, coordena os sites (www.vidaeaprendizado.com.br) e (www.library.com.br/home). E-mail: [email protected].