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Novos rumos para o Estado

em Artigos
terça-feira, 18 de abril de 2017

Benedicto Ismael Camargo Dutra (*)

Com o encerramento do feudalismo, foi sendo estruturado o Estado em que os reis tinham poder de vida e morte. Esperava-se a melhora das condições e soberania territorial.

Já naquela época começavam a ser geradas as bases para o governo emitir moeda e garantir a sua circulação, gerar receita, ter a capacidade de contratar empréstimos a juros e assegurar solvabilidade. O Estado, que deveria ser o garantidor da ordem e da propriedade privada, passou a se intrometer em tudo e a tutelar os indivíduos despreparados e com pouca iniciativa. As pessoas têm de ser fortes e independentes. O Estado foi ganhando força e poder e a classe política tornou-se dominante e abusiva com tantas possibilidades em suas mãos.

O dinheiro público continua sendo o grande atrativo. Os sanguessugas estão sempre atentos. Surgiram esquemas favorecedores de políticos e protegidos na forma de parceria espúria. Décadas de descaso e inépcia estão levando ao descalabro, ao colapso do poder público, à falência do Estado e da República. Chegamos ao limite da incoerência em que as aplicações financeiras especulativas se tornaram mais rentáveis do que qualquer empreendimento que se queira iniciar. As variáveis de juros, câmbio e ações abriram inúmeras oportunidades de ganhos pouco éticos a custo de toda a sociedade.

É constrangedora a perda do dinamismo pela economia global. Por vários fatores deixou de ser interessante produzir no Brasil e em vários outros locais. A globalização e a consequente abertura dos mercados aumentaram a circulação, mas também as disparidades. O que fazer para restabelecer o equilíbrio? A continuar dessa forma, qual será o futuro do Brasil e de outros países atolados em dívidas e sem atrativos para produzir internamente?

Sem a reforma do ser humano, tudo o mais será paliativo e tudo permanecerá nos baixios da desfaçatez, da irresponsabilidade. Inacreditável, mas essa é a real e deplorável situação da decadência da humanidade onde indivíduos mau-caráter se postaram como donos e dirigentes, arrastando a população para a decadência. Falta um diagnóstico claro sobre as causas do declínio e o que fazer para sair da beira do abismo. Precisamos mesmo de uma higienização geral.

A coesão social da humanidade como um todo se acha em processo de ruptura. Após o término da Segunda Guerra Mundial, iniciou-se um processo de mudança radical do modo de vida e de pensar dos seres humanos com forte apelo para a sexualidade displicente, concretizando o afastamento do espiritual, promovendo o aumento do caos sem definir com clareza um modo de vida que conduza ao progresso.

Como efeito disso, a espécie humana está perdendo a consciência de sua missão de compreender o funcionamento das leis da vida e beneficiar a Criação, e não sabe mais para que está vivendo. Com a forte sedução do materialismo e o aumento da aspereza nos relacionamentos, a coesão social da humanidade entrou em colapso e a consciência de um ideal comum está sendo destruída pela ausência da utilização da energia espiritual. Aumentam o descontentamento e insatisfação, predispondo a movimentos de massa de consequências imprevisíveis.

O momento exige um esforço redobrado para manter vivos os propósitos e os valores, não permitindo que entrem em colapso. Se a chama do ideal não for preservada forte e brilhante, a confiança e a solidariedade serão abaladas, e o ser humano passará a ver o seu semelhante como um competidor, um inimigo que precisa ser vigiado. Falta educação e preparo.

A humanidade tem agido com displicência a respeito do significado da própria vida, pois sua tarefa é buscar a compreensão da lógica que reside na Criação e suas leis e, amparada nelas, agir de forma construtiva.

(*) – Graduado pela FEA/USP, realiza palestras sobre qualidade de vida. Coordena os sites (www.vidaeaprendizado.com.br) e (www.library.com.br). Autor de Nola – o manuscrito que abalou o mundo; O segredo de Darwin; e Desenvolvimento Humano, entre outros ([email protected]).