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Nós, o mundo do trabalho e o metaverso

em Artigos
terça-feira, 15 de fevereiro de 2022

David Braga (*)

No metaverso, o trabalho tende a ser menos solitário e mais dinâmico. Será mesmo?

Você já deve ter ouvido falar em metaverso – ainda mais depois que Mark Zuckerberg, o grande imperialista das redes sociais (sim, o dono de toda a informação que transita pelo Facebook, WhatsApp e Instagram no mundo) mudou o nome da sua holding para Meta, no fim de 2021. Mas sabe o que significa e de que forma o metaverso pode mudar completamente as relações pessoais e profissionais, caso se popularize e caia nas graças da maioria da população?

O metaverso propõe que a gente passe a adotar, por meio da tecnologia e de óculos de realidade aumentada, uma vida no ambiente digital, similar àquela que vivemos aqui “fora”. Cada pessoa poderá criar seu avatar e, no mundo do metaverso, se reunir com colegas no seu ambiente de trabalho, por exemplo. Sua empresa pode estar lá no virtual e sua estação de trabalho idem, e você tomando um cafezinho e até trocando ideias com seu gestor. Desde que, claro, todos estejam interagindo por lá.

Segundo a Associação Brasileira de Treinamento e Desenvolvimento (ABTD), multinacionais farmacêuticas, como Pfizer, Novartis e Bristol Myers Squibb, já estão usando a tecnologia para praticar habilidades essenciais, voltadas a salvar a vida dos pacientes, em laboratórios de realidade virtual seguros. Especialistas já antecipam que a tecnologia que propõe criar o ambiente presencial no virtual pode gerar uma proximidade relacional maior entre as pessoas. E que, no metaverso – ou qualquer outro nome que surja a partir de agora –, o trabalho tende a ser menos solitário e mais dinâmico. Será mesmo? Até que ponto isso tende a se tornar uma prática real?

Desde março de 2020, quando foi anunciada a pandemia, muitos de nós tivemos de nos transformar em conhecedores – se não nativos, ao menos básicos – de como operar salas de reuniões, como Zoom, Meet, Teams; lidar com quedas no sinal da internet; aumento da sobrecarga de tarefas; e mais uma série de dinâmicas no virtual.

Se com a Web 3.0 e o 4G na telefonia celular, temos uma série de intercorrências nas comunicações ainda hoje, será que conseguiremos desenvolver carreiras e líderes, aprovar projetos estratégicos e produzir resultados para nossas carreiras e para as corporações nesse mundo virtual? Sempre penso sobre o fator humano e suas relações. Vamos precisar ter uma infraestrutura muito bem consolidada e em funcionamento.

O wifi, num país como o Brasil, ainda não funciona muito bem. Sabemos que é fato: o mundo está mudando, e quem não se adaptar vai se tornar obsoleto. O trabalho está sendo reinventado, não é de hoje. Claro que vão surgir demandas por profissionais especializados e, em breve, teremos, ao menos, 1 milhão de listas anunciando as “10 carreiras mais demandadas pelo metaverso”. Aliás, isso já está ocorrendo.

Acredito que buscar esse conhecimento plural, esse olhar para as novidades e essa adaptação com flexibilidade é muito importante, mas olhar para o presente é fundamental, pois é ele quem define o nosso futuro. A tecnologia é incrível, muda a cada dia e nos coloca à frente do nosso tempo. Mas não podemos nos esquecer das pessoas. Afinal, o que tem sido o grande desafio dessa pandemia, que está completando dois anos em 2022?

A falta de contato entre as pessoas, o toque, o olho no olho, a convivência do dia a dia. O virtual acaba nos distanciando da nossa essência. Então, estar atento a isso é muito relevante. Somos seres que temos a necessidade de estar com outros seres.
As empresas não podem acreditar que, a partir de agora, o mundo vai ser só no digital. O capital intelectual e humano é ainda o que entrega os resultados, por mais tecnológica que seja uma organização.

(*) – Conselheiro de RH da ONG ChildFund e da ACMinas e conselheiro executivo da ABRH-MG, é CEO, board advisor e headhunter da Prime Talent.