José Pio Martins (*)
Nas conversas com jovens, duas perguntas são recorrentes: o que é empreendedorismo? quais são as marcas do empreendedor?
Quanto à primeira, empreendedorismo é a disposição e a iniciativa de idealizar, coordenar e executar projetos e negócios. Outra definição, que me agrada, diz que é a sensibilidade para descobrir oportunidades, ter ideias e ser capaz de transformá-las em um negócio. Em síntese, empreendedor é quem transforma uma ideia em um negócio e dá materialidade aos sonhos.
Em relação à segunda pergunta, há vasto elenco de características que definem o empreendedor, das quais destaco quatro, que considero as mais importantes. A primeira é a enorme capacidade de agir e de fazer. Os empreendedores se caracterizam por uma espécie de “empuxo” (força que empurra, que atua como elemento de impulsão), como se tivessem, em sua constituição genética, células que os levam a agir e fazer algo, mesmo em condições adversas.
Nas histórias de empresários de sucesso, é comum encontrarmos relatos de pessoas que idealizaram e executaram algo quando muitos não acreditavam na possibilidade do êxito.
A segunda é a afiada visão para enxergar oportunidades. Há homens que construíram impérios por enxergar oportunidades onde quase ninguém acreditava na chance de sucesso. Um exemplo foi Aristóteles Onassis, o armador grego, que se tornou um dos homens mais ricos do mundo. Enquanto transcorria a Segunda Guerra Mundial, mesmo sem dinheiro, ele se pôs a comprar navios velhos encostados. Amigos diziam que ele estava louco. A guerra acabou, o comércio internacional expandiu e Onassis ficou bilionário alugando caro os navios velhos que comprara.
A terceira característica é a grande sensibilidade para fazer as escolhas certas. Se você perguntar aos grandes empreendedores como, no passado, conseguiram fazer escolhas que agora se mostraram certas e lucrativas, muitos responderão: “não sei, eu tinha intuição, mas não a certeza de que estava fazendo a escolha correta”. Conquanto seja difícil vê-la e qualificá-la, essa sensibilidade está no âmago do empreendedor de sucesso.
Por fim, a eficiência na execução das escolhas feitas é outra marca indelével dos homens de sucesso. Mesmo em situação de crise e descrença – como essa que o Brasil vive atualmente –, aqueles que construíram grandes obras complementaram as três marcas anteriores com eficiência executiva, e foram capazes de levar a cabo seus projetos, suas empresas e seus negócios.
Todos temos alguma dessas quatro características e nem por isso todos somos grandes empreendedores. A questão essencial é que alguém pode ter uma ou duas dessas características, mas elas não bastam para transformá-lo em grande empreendedor. Em geral, os homens que realizaram grandes obras têm as quatro marcas. Se isoladas, elas não nos levam ao sucesso; em seu conjunto, existindo no mesmo homem ou mulher, o sucesso será quase inevitável.
Uma pergunta ressuma de tudo isso: essas características são inatas (que estão no ser, congênitas) ou podem ser aprendidas e desenvolvidas? Eis um bom tema para debate. De minha parte, creio (mas não tenho provas) que essas marcas podem ser treinadas e melhoradas, mas, nos grandes empreendedores, elas estão lá, desde sua concepção.
É fácil conhecer as características do homem que empreende. Difícil mesmo é tê-las todas em dose suficiente para fazer do homem um empreendedor de sucesso.
(*) – Economista, é reitor da Universidade Positivo.