Fabrizio Postiglione (*)
O segmento da cannabis segue em pleno desenvolvimento.
Os investimentos nas empresas nacionais com certeza contribuem para o mercado, pois são cruciais para a rápida evolução e, considerando esse desenvolvimento, precisamos de fundos de captação para nos tornarmos eficientes. Porém, como esses investimentos ainda não são regulamentados no Brasil, esses capitais são destinados para empresas internacionais, logo, o benefício é maior no exterior.
O setor segue em uma crescente há seis anos, dobrando ano a ano. Em números, significa, em média, alta 124% desde 2016. O mercado financeiro é um ambiente arriscado e todo investimento tem seu grau de instabilidade. Levando isso em consideração, a escolha do tipo de aplicação é crucial para alcançar o sucesso.
O segmento de cannabis é muito novo, por isso as companhias presentes não possuem grandes históricos para podermos criar tendências a longo prazo. Entretanto, acredito que uma escolha bem feita consiste em uma empresa que tem planos sólidos e ações já bem executadas, além de prestar bastante atenção na liderança e board que estão por trás da empresa.
Em um mercado recente e em uma indústria que envolve grandes incertezas, é comum ter uma volatilidade bem elevada, ainda mais considerando a situação atual mundial, que engloba uma pandemia e uma guerra na Europa. Com isso, as taxas de juros e inflação aumentaram bastante em todo o mundo. Logo, atraem muitos investidores para a renda fixa e os distancia da renda variável convencional, e é nessa que vejo uma grande oportunidade para o venture capital.
Fundos são feitos de ações e a maioria são constituídos por empresas no exterior. Tenho expectativas de que, em breve, comecem a investir em empresas nacionais, porém, para que isso aconteça, as companhias brasileiras precisam abrir seu capital na bolsa de valores, conhecido como IPO. Como mencionado antes, a alta taxa de juros afasta os investidores da renda variável e os leva para renda fixa.
Logo, para investir no segmento, eles precisarão se interessar em algo que tenha um potencial de ganho maior. Em linhas gerais, o mercado de cannabis é promissor e, como todo investimento, tem o momento certo para investir, ou seja, analisar os riscos e oportunidades quanto ao cenário econômico do momento. Estima-se que o Brasil se tornará um dos maiores players globais do produto.
Além da diversidade que o uso da cannabis oferece, temos uma grande população e a atuação do SUS, que já vem trabalhando para incorporar essa realidade em seu sistema.
Ao falar de cannabis no Brasil, o preconceito é predominante, o que pode prejudicar o mercado nacional, pois a desinformação faz com que grande parte da população não tenha conhecimento sobre os reais benefícios do medicamento para a saúde. Apesar disso, tenho uma perspectiva positiva em relação ao setor, que vem se expandindo e ainda nos encontramos no começo da curva de crescimento.
(*) – É fundador e CEO da Remederi, farmacêutica que promove o acesso a produtos, serviços e educação sobre a cannabis medicinal (https://remederi.com/).