Rogério Borili (*)
Toda e qualquer empresa no Brasil e que tenha operações no exterior deve ter especial atenção com eficiência, rapidez e resultados dos processos tributários.
Tais preocupações estão levando os maiores players do segmento à adoção maciça da IA (inteligência artificial) para a realização de seus processos de ponta a ponta. Essa medida foi um movimento natural: sem a IA trabalha-se com dados dispersos e não estruturados, sem ligação lógica e pré-definida, com muitas dificuldades para se trabalhar manualmente.
Com isso, o trabalho é realizado por meio de amostras, já que é impossível compilar todos os dados de rastreio de todos os insumos na produção de grandes empresas.
Nas importações, o processo de nacionalização na Receita Federal é extremamente complicado e burocrático. O caminho dos insumos é dificultado pela falta de estruturas nos dados para identificar quando os produtos têm alguma isenção tarifária.
Esse caminho é complexo e exige um acompanhamento das publicações das leis feitas pelo Governo Brasileiro. Conectar os dados da importação com essas legislações é o processo mais difícil, mas a IA facilita e agiliza esse trabalho com a rastreabilidade de todo e qualquer item em qualquer ponto da cadeia. Imagine como seria a realidade de um segmento tão dinâmico e que conta com vários insumos importados, tal qual o ramo automobilístico.
As montadoras têm um universo à parte, já que cada automóvel tem vários itens importados e tem que prestar contas de onde utilizará cada um deles (rastreabilidade). O produto final (automóvel) é composto de vários subprodutos, que geram um grande universo de dados e volume de informação, com um enorme potencial do Regime Especial Drawback, por exemplo.
Usufruir dos regimes de isenção de impostos na sua capacidade máxima, dentro de uma estratégia de gestão tributária compartilhada em cadeia evita ou “exportar” impostos ou acumular crédito para as exportadoras. Por isso, com a IA é possível se fazer a análise com vários fornecedores e o diagnóstico é melhor: negocia-se com mais vantagens, altíssima capacidade de processamento de dados e muitas outras vantagens.
Tais benefícios seriam sequer imagináveis diante de uma estrutura analógica – um pensamento que se aplica em indústrias com demandas e exigências semelhantes como papel e celulose e elétricos e eletrônicos.
Com o auxílio da tecnologia, os segmentos que fazem um uso extensivo de subprodutos para a confecção de seus itens aumentam a rastreabilidade dos benefícios, economizam processos, – e stress – nos andamentos de todas essas medidas para se contabilizar onde, como e quando é possível se guardar tempo – e dinheiro – para realizar esses processos tributários de forma correta, eficiente. otimizada e com estruturas escalonáveis.
A IA já é utilizada em ramos muito menos estratégicos dos negócios em geral, e faz-se necessário dar a ela a atenção devida no mercado tributário. O uso correto dessa ferramenta por toda a cadeia de fornecimento das empresas traz a redução do custo tributário, já que integra os regimes especiais disponíveis com um alto potencial de compliance, além de compartilhar os benefícios fiscais entre empresas e seus parceiros comerciais, sejam clientes ou fornecedores.
(*) – É vice-presidente de tecnologia da Becomex (www.becomex.com.br).