Igor Castroviejo (*)
Dados da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip) mostram que, em 2023, o financiamento imobiliário chegou a R$ 251 bilhões, uma alta de 4% se comparado a 2022. Nessa realidade, a CAIXA lidera o mercado de crédito de imóveis, chegando ao montante de R$ 700 bilhões no último ano, sendo responsável por 70% dos financiamentos que ocorrem no país.
Contudo, mesmo com cifras atraentes, as empresas do setor de crédito imobiliário encaram muitas dificuldades, principalmente por conta de processos lentos e ineficientes, além de condições econômicas imprevisíveis. Para se ter uma ideia, dados do Banco Central mostram que a taxa de inadimplência de financiamentos de imóvel era de 1% em janeiro de 2024.
Além disso, as empresas que concedem crédito no Brasil ainda batem em uma questão delicada que prejudica as análises: o grande número de brasileiros fora do mercado financeiro. Dados do Instituto Locomotiva apontam que são mais de 4,6 milhões de cidadãos sem conta bancária no Brasil, além de 38 milhões de indivíduos trabalhando informalmente, segundo o Pnad.
Considerando que as análises majoritariamente consideram somente dados de bureaus de crédito, um grande contingente de pessoas que, por vezes, estão aptas para entrar em um financiamento acabam ficando de fora do mercado, já que não conseguem comprovar renda tanto pela falta de uma conta bancária quanto por trabalhar sem carteira assinada.
Além disso, os processos de solicitação desse tipo de crédito são muito burocráticos e demorados, se baseando em aspectos específicos que podem levar meses para serem avaliados. No entanto, uma tecnologia que pode vir a mudar o cenário é a Inteligência Artificial.
A sua eficácia é tamanha que um estudo recente da McKinsey Global Institute aponta que a IA Generativa pode gerar cerca de US$ 180 bilhões em valor para o segmento imobiliário. Dados da Provenir indicam que o seu uso é essencial em diversos segmentos, incluindo na avaliação de perfis de risco de crédito (45%). Por meio de sua utilização combinada com análise de dados, por exemplo, as instituições conseguem ter acesso a informações valiosas e estratégicas.
Isso porque já existem no mercado soluções que, por meio de IA, conseguem localizar dados alternativos aos tradicionais, como histórico de empregos, pagamentos de alugueis e serviços públicos, renda familiar e até mesmo atividades em mídias sociais. Dessa maneira, é possível avaliar de forma mais detalhada a capacidade de crédito de pessoas que vivem à margem do mercado, promovendo a inclusão financeira e se protegendo de inadimplência.
Além disso, com esse tipo de solução, toda a burocracia que envolve um financiamento se esvai, já que os dados ficam consolidados em uma única interface. Assim, o processo de tomada de decisão fica mais simples, abreviando etapas e possibilitando aprovações mais rápidas, reduzindo drasticamente a complexidade habitual no processo de financiamento.
Com o setor em alta, já que dados da Abrainc-Fipe mostram que o mercado imobiliário cresceu 32,6% em vendas em 2023, é de extrema importância que os players se atualizem e passem a considerar opções alternativas de dados em suas análises de financiamento.
Dessa maneira, além de possibilitar que mais pessoas sejam capazes de conseguir o seu primeiro imóvel, contribuem para o aquecimento do segmento de forma democrática e justa, superando obstáculos e garantindo um horizonte positivo.
(*) – É diretor comercial da 1datapipe (https://1datapipe.com/pt/inicio/).