Pedro Signorelli (*)
Minha esposa estava viajando há quase duas semanas a trabalho nos EUA.
Outro dia, ela ligou para falar conosco enquanto estava no restaurante esperando o jantar junto com outros colegas de trabalho. Meus filhos estavam falando com ela por vídeo — maravilhas da tecnologia -, enquanto eu cuidava da louça do nosso jantar.
Um deles perguntou quem estava por perto, se ela conhecia todos eles e coisas do gênero. Ao que minha esposa respondeu: “Sim, você quer conhecê-los?”. Prontamente e exatamente no mesmo instante um respondeu que não e o outro que sim. Na hora dei um leve sorriso e pensei comigo: João Paulo sendo João Paulo e Henrique sendo Henrique.
Pois é, um mais introvertido e outro mais extrovertido. O que tiramos disso para liderança nas empresas? Nós pais temos a oportunidade de aprender aspectos da liderança em casa. Para liderar bem um time é preciso conhecer cada membro para que você, líder, possa estimular que cada um dê o máximo em todos os momentos.
Não é tarefa simples por certo, pois na maioria dos casos, a pessoa não conhece nem a si mesma. Neste campo, o líder e a empresa poderiam, ou melhor, deveriam investir tempo.
Esse investimento e reconhecimento da necessidade de investir nas pessoas, de reconhecer o talento de cada um nos permite fugir da armadilha de escolher aqueles com temperamento parecido com o nosso? Isso é positivo? Negativo.
O ideal é que haja uma complementaridade, o que aumenta a complexidade da gestão e também a possibilidade de novos caminhos, novas soluções para problemas do dia a dia. Então, o que fazer? De novo, reconhecer cada um com suas características e ajudá-los a que evoluam onde houver oportunidade para benefício deles próprios e da empresa.
No caso dos meus filhos ou imaginando que são duas pessoas de um mesmo time, é de se esperar que o extrovertido seja de mais fácil relacionamento e possa exercer mais naturalmente uma liderança sobre os demais, por ser mais comunicativo etc. O que pode atrapalhá-lo?
Ora, pode se perder em conversas ou gastar tempo demasiado na comunicação, deixando o apoio técnico de lado, por exemplo. Pode também falar demais e não deixar espaço para os demais. Neste caso, o líder precisa agir para dar voz a outros, ao introvertido, por exemplo.
O introvertido não pode ser líder? Claro que pode. Pode ter conhecimento profundo sobre o tema e ser muito respeitado por isso, liderando uma organização naquele tema que mais domina. Usará as mesmas ferramentas que o extrovertido, certamente que não.
O fato é que existem alguns tipos de líderes e perfis diferentes que atuam de maneira distinta quando estão na posição de liderança. É por esse motivo que o gestor precisa estar atento às características de cada um, sendo capaz de aproveitar as suas qualidades e os seus pontos fortes para extrair o melhor de cada um.
(*) – Especialista na implementação do método OKR, fundou a Pragmática Consultoria em Gestão, para ajudar outras organizações em suas jornadas de transformação e gestão (www.gestaopragmatica.com.br).