Eduardo Córdova (*)
A partir de agora, entramos em um novo estágio em relação aos danos causados pela pandemia na economia brasileira.
Após vários meses de isolamento total, alguns Estados avançaram com o plano de reabertura e muitos bares, restaurantes, shoppings, lojas comerciais, escritórios, entre outros departamentos, voltaram parcialmente às atividades. O que é muito positivo! Porém, além das incertezas econômicas, a crise causou uma grande mudança no comportamento de compra e consumo.
As pessoas passaram mais tempo dentro de casa, consequentemente, consumindo muito mais produtos e serviços pela internet. Segundo dados divulgados pelo Mercado Livre, maior comunidade de compra e venda online da América Latina, os pedidos no e-commerce cresceram. Só aqui no Brasil, houve um registro de 39% de aumento, mais de 2,6 milhões de novos compradores em diversas categorias.
Além disso, o novo estilo de vida impulsionou o crescimento pela procura por categorias relacionadas a Saúde, Bens de Consumo e Alimentos, Decoração de casa (casa, móveis e jardim), Entretenimento & Fitness e Computação. Ou seja, o consumo online se intensificou e essa será a nova realidade. Dois em cada três usuários leais voltaram a comprar com eles. Por este motivo, fica claro a importância das empresas de produtos e serviços se atentarem ao “novo normal pós pandemia” e apostem, definitivamente, suas fichas no ambiente digital.
As marcas, aos poucos, estão conseguindo enfrentar o desafio de compreender essas mudanças e estão se reposicionando para melhor atender esse novo consumidor. Mas eu vejo que ainda de forma tímida. Acredito que essa timidez talvez seja porque muitos desses players ainda estão tentando entender quais caminhos devem trilhar para chegar até seu público e buscam por inovação e reinvenções que façam sentido para seus propósitos enquanto empresas.
É importante que gestores dessas marcas entendam que no mundo online, muito mais que no offline, clientes procuram por empresas que estejam alinhadas com seus valores e que sejam capazes de promover ações coletivas e que, de alguma forma, gerem impactos positivos na jornada de compra. Somente assim esse público se sentirá no centro da estratégia e relevantes para cada marca. Empresas que de fato entenderam essas premissas estão conseguindo fidelizar seus clientes, conquistando outros e obtendo grandes retornos financeiros.
Um modelo que merece um destaque é o de mercado autônomos, aqueles que estão em condomínios. Antes da pandemia os mini markets já tinham caído no gosto dos brasileiros e quando o comércio fechou só aumentou a demanda, principalmente por ser a forma mais segura, cômoda e prática dos moradores realizarem suas compras e evitarem aglomerações nos supermercados e outros estabelecimentos. Essa, com certeza é uma das diversas iniciativas que vimos acontecer para atender a população que teve que se manter em casa.
O Brasil é conhecido por ser um povo caloroso e ao mesmo tempo solícito com o próximo e mais do que nunca as empresas precisam mostrar isso e se adaptar a mudança de consumo dos seus clientes, que desejam se sentir afagados. Vejo ainda um caminho longo e cheio de novas oportunidades impulsionadas pelo isolamento social que, de um jeito ou de outro, irá aproximar ainda mais o nosso país.
(*) – É CEO do market4u, maior rede de mercado autônomo e inteligente do Brasil.