Bruno Prado (*)
O usuário eleitor passou a consumir conteúdo informativo por meio das redes sociais.
Após três anos de crise política e econômica, e uma infinidade de denúncias de corrupção envolvendo diferentes partidos, finalmente chegamos a 2018, ano em que os brasileiros novamente voltam às urnas, no dia 7 de outubro. O objetivo é escolher os novos representantes da população nos poderes Executivo e Legislativo da Federação e seus Estados.
Além da grande importância natural, por se tratar de guiar o futuro do país para o próximo quadriênio, este acontecimento deve chamar ainda mais a atenção neste ano pelo momento de polarização de opiniões políticas entre os cidadãos. O debate ficou ainda mais exacerbado pelo intenso uso das redes sociais, que deram voz a todos os inscritos de forma quase que igualitária.
A conectividade proporcionou uma mudança no comportamento do usuário eleitor, que passou a consumir conteúdo informativo por meio das redes sociais. Diante disso, as mídias tornaram-se meios de comunicação protagonistas, abrindo caminho para colunistas e veículos considerados “independentes” como fontes alternativas aos grandes grupos. Se, por um lado, há hoje mais democracia na informação, esse canal também preocupa os agentes da segurança digital pela facilidade na viralização de notícias falsas.
A propagação das fake news acontece por meio de veículos de notícias alternativos ou “influenciadores”, que se dizem independentes, mas atuam a serviço de algum político ou partido para manipular a opinião pública. Entretanto, o mais preocupante é o uso crescente de bots, os robôs em forma de perfis falsos de usuários para compartilhar conteúdo duvidoso e para participar de fóruns de discussões. A preocupação é latente porque tal atividade pode influenciar os votos nas urnas e adulterar resultados, alterando o verdadeiro rumo de todo um país.
Portanto, além do uso da própria urna eletrônica e a polêmica em torno da possibilidade ou não de sua violação, as redes sociais devem, sim, ser encaradas pelas autoridades como uma questão de Segurança Digital durante o processo eleitoral. As equipes de tecnologia do Governo e das campanhas eleitorais devem ficar atentas a outras modalidades de crimes virtuais, como a simulação de páginas falsas para o roubo de dados pessoais dos usuários e movimentações nas camadas inferiores da Internet – como Deep Web e Dark Web – para a troca de informações ou até mesmo a compra e venda de ataques virtuais.
Um deles é o de negação de serviço, mais conhecido pela sigla “DDoS”, para a tirar do ar canais online do Governo, do Tribunal Eleitoral, de partidos ou de candidatos. Também por este motivo, até mesmo empresas não ligadas à política devem manter a Segurança Digital como prioridade. É comum alguns gestores congelarem os investimentos à espera de um panorama econômico com os novos eleitos.
Porém, as organizações continuam vulneráveis a casos de hackativismo, em que hackers invadem sites ou derrubam serviços digitais de forma quase aleatória para defender ou promover uma causa. Desta forma, a implementação de medidas preventivas pode evitar prejuízos nesse período. Vivemos em uma era de transformação digital, em que os avanços tecnológicos proporcionam benefícios, mas também desafios – e um dos principais, neste ano, é garantir a eleição de candidatos de forma honesta e transparente.
Nosso Brasil já tem muitos problemas, não podemos deixar que a tecnologia nos traga mais um.
(*) – É CEO da UPX Technologies, empresa especializada em performance e segurança digital (www.upx.com).