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Damos boas-vindas à era do dinheiro de plástico

em Artigos
quinta-feira, 24 de junho de 2021

Antônio Brizoti Junior (*)

Nos meus mais de 20 anos como bancário, vi o papel-moeda sofrer alterações desde a troca no padrão monetário até o lançamento de notas de diferentes valores.

E a certeza que adquiri observando essas mudanças é que uma hora ou outra ele ficaria obsoleto. De fato, os dias das cédulas como conhecemos estão contados e seu espaço está sendo tomado pelo que chamo de dinheiro de plástico, o cartão. E não sou eu que estou falando. São as pesquisas. De acordo o levantamento da Abecs, houve um aumento de 20% nas transações por meio de cartões de crédito apenas no primeiro trimestre de 2021 em comparação com o mesmo período do ano passado.

Estão incluídas nestas estatísticas as modalidades de crédito, débito, por aproximação (chamado de Near Field Communication – NFC), pinpad e transferência eletrônica de fundos (TEF). Cito a Holanda e a Suécia como exemplos de países em que as notas e moedas já caminham para o desuso. E são três as principais vantagens que norteiam a substituição das cédulas. A primeira é a segurança. Por exemplo, muitas pessoas ainda vão ao banco apenas para sacar dinheiro e depois se dirigem a uma casa lotérica para pagar as contas.

Um grande perigo, já que de acordo com dados da OCDE, o número de assaltos no Brasil é pelo menos duas vezes maior do que a média mundial. O segundo motivo é a comodidade. Esqueça o desconforto da falta de troco e da carteira cheia de notas. Higienizar um cartão também é bem mais fácil. Por fim, controlar os gastos é o terceiro pilar que justifica a adoção completa do dinheiro de plástico, uma vez que é muito mais fácil ter controle do que está sendo pago ou comprado através da fatura detalhada ou do próprio aplicativo no celular.

Uma pesquisa da Americas Market Intelligence mostrou que o número dos desbancarizados, ou seja, pessoas que não possuem conta bancária, caiu 73% durante a pandemia. Há muitas explicações para esse fenômeno, mas uma das principais está na facilidade para se abrir contas graças aos bancos digitais e à transformação tecnológica das instituições bancárias – que sofrem com a extinção de agências, mas resistem nos aplicativos.

Precisamos considerar, ainda, que mesmo com celulares, pelo menos 40 milhões de brasileiros não têm acesso à internet, conforme dados do IBGE.
E é aí que se abre um leque de oportunidades para soluções igualmente tecnológicas, mas acessíveis, que descentralizem dos bancos e lotéricas a competência de receber pagamentos de contas, que ofereçam serviços desde recarga de celulares até mesmo o parcelamento de boletos apenas usando um cartão.

Cerca de 54,5% das 18.658 agências bancárias ativas no Brasil até o final de maio, estão localizadas em regiões denominadas “centro”. Sendo assim, locais mais afastados e periféricos são os mais penalizados, e é onde devem estar – e estão – estrategicamente posicionados esses totens, promovendo a acessibilidade. As taxas aplicadas, que justificam sua existência e funcionamento são até 50% menores que as praticadas pelos grandes players financeiros.

O futuro está à porta e precisamos facilitar a sua entrada.

(*) – É empresário do segmento de tecnologia e serviços financeiros, e está no comando da fintech PARÇA Serviços Financeiros (www.meuparca.com).