Rafael Satim Pereira (*)
“Devagar se vai ao longe”. Este conhecido ditado popular é a essência do Kaizen, filosofia japonesa que busca a melhoria contínua de processos, com o objetivo de alcançar a máxima eficiência.
A metodologia, que surgiu após a segunda Guerra Mundial com o intuito de guiar a reconstrução do país, devastado pelo conflito, implementando continuamente pequenas melhorias, parte do princípio de que, independentemente dos contextos os quais estamos inseridos, sempre há o que possa ser melhorado.
Não é incomum estarmos expostos em situações que entendemos que “está tudo errado” ou que muitas coisas estão erradas. No entanto, o tamanho da mudança a ser projetada acaba desmotivando a seguir, justamente, pela compreensão equivocada de que será impossível atingir o resultado esperado.
Por sua vez, ao subestimarmos o poder das pequenas melhorias, é onde se perde oportunidades de chegar mais longe. Um importante exemplo disso pode ser comprovado com Novak Djokovic, tenista mais vitorioso da história deste esporte, que não precisou de grandes transformações para sair da posição de número 680º do ranking mundial e atingir o primeiro lugar.
Na prática, o jogador melhorou em “apenas” seis pontos percentuais seu aproveitamento de vitórias, passando de 49% quando estava na posição 680º, para 55% quando atingiu o topo do ranking. Esta história é contada no livro “A Arte de Falar e Fazer”, do autor Geronimo Theml, onde é mencionado o estudo realizado pelo escritor e palestrante Stephen Duneier sobre o atleta.
O exemplo de Djokovic é uma importante demonstração do poder que as pequenas mudanças possuem, indo ao encontro do objetivo do Kaizen. Não à toa, a filosofia se tornou um dos pilares do Lean, metodologia de gestão adotada pelo Sistema Toyota de Produção, que tinha como princípio a redução de desperdício e a melhoria contínua. Como prova da sua eficácia, o Toyotismo é conhecido mundialmente, sendo utilizado como referência em diversas organizações.
Em se tratando da área de TI, o Kaizen ganhou força através dos métodos ágeis, como o Scrum e o Kanban, em que suas respectivas concepções preveem a realização da cerimônia de retrospectiva, onde integrantes da equipe se reúnem periodicamente para expor suas dificuldades e discutir oportunidades de melhoria.
No entanto, mais importante do que mapear os problemas, é fundamental endereçar soluções, definir responsáveis e inspecionar o progresso. Afinal, problemas mapeados e engavetados não solucionam, mas podem colaborar para gerar conformismo entre os envolvidos.
A grande lição que o Kaizen ensina para as organizações no dia a dia é o poder que a implementação de melhorias contínuas pode trazer a longo prazo para as empresas. E, considerando a velocidade em que novas tendências surgem, impulsionando a competitividade no mercado, é fundamental que as companhias invistam nessas ações, visando aprimorar processos e conquistar resultados.
Mas, para isso, cabe a reflexão: você consegue melhorar em 1% hoje? Se a resposta é sim, então não perca tempo, e comece.
(*) – É Squad Leader da Viceri SEIDOR (www.viceri.com.br).