Luiz Felipe Bazzo (*)
Nos dias de hoje, olhar para a economia dos Estados Unidos é um movimento extremamente importante no momento de planejar investimentos.
No início de novembro, o Fed (Federal Reserve) elevou novamente a taxa de juros em 0,75 ponto percentual, passando a um intervalo de 3,75% a 4% ao ano. Com essa alta, os ativos brasileiros se tornam menos atraentes para os investidores estrangeiros, fortalecendo o dólar; não à toa, o Boletim Focus, divulgado pelo Banco Central (BC) no final do mês, trouxe uma cotação prevista em R$ 5,27 por US$ 1 para 2022.
Ou seja, estamos diante de um cenário que ressalta a importância de pensarmos nas transações internacionais como uma salvaguarda relevante para as nossas vidas financeiras. O contexto atual incentiva a aplicação em títulos públicos norte-americanos (chamados Treasuries), considerados os mais seguros do mundo, fazendo com que o país em questão drene capitais que estão em nações em desenvolvimento – a exemplo do próprio Brasil.
Dessa forma, o apetite por risco cai diante de maior perspectiva de ganhos no exterior.
Por incrível que pareça, a regra permanece a mesma no cenário nacional. A situação a qual o Brasil se encontra ainda é um ponto nebuloso para o mercado financeiro; as mudanças no governo ocasionadas pelo recente processo eleitoral e as últimas discussões sobre alterações no teto de gastos públicos trazem mais dúvidas que certezas.
E, visto que um dos princípios econômicos básicos em períodos de incerteza é a cautela, o principal indicador que tem sido levado em consideração pelos investidores antes de movimentarem o seu dinheiro é o chamado risco-país. O critério de avaliação está relacionado ao grau de confiança que o mercado tem na economia e na capacidade de pagamento de uma nação. Para isso, são observados aspectos políticos, sociais, fiscais e todos aqueles que possam interferir na estabilidade financeira de um país.
Transpondo essa análise para o território brasileiro, a conclusão inevitável é a de que grande parte dos investimentos deve ser feita em locais como os Estados Unidos, que conseguem proporcionar bons ganhos, mas também são capazes de pagar os títulos anunciados sem imprevistos.
. Como começar a fazer transações internacionais? – Enxergando o mar de consequências positivas que o contexto atual traz para a realização de transações internacionais, é fundamental que os investidores que queiram entrar nesse mundo tomem algumas medidas importantes. Inicialmente, deve-se ter um cadastro em alguma instituição financeira autorizada pelo BC a operar no mercado de câmbio.
Dentre as alternativas disponíveis, há, por exemplo, bancos tradicionais, corretoras e fintechs. É primordial que haja a verificação do agente autorizado a realizar operações dessa categoria. Após se certificar que a instituição escolhida é segura e confiável, a recomendação é pesquisar pelas melhores taxas de câmbio, assim como o atendimento. Caso a pessoa prossiga com a sua opção e o seu cadastro seja aprovado na empresa, ela ainda recebe um limite de transferências que pode efetuar e, por fim, já está apta a fazê-las do modo que achar mais conveniente.
Vale ressaltar que as taxas cobradas são livremente pactuadas entre os agentes autorizados pelo BC a operarem no setor em questão, ou ainda entre estes e seus clientes. As companhias não possuem uma tabela geral com os valores dessas cobranças, contudo há algumas condutas já estabelecidas entre elas.
De modo geral, o mercado entende que são praticadas taxas menores para operações de maior valor e recorrência, da mesma maneira que taxas maiores para operações esporádicas e de menor valor. Portanto, é uma jornada que não carrega grandes dificuldades e, obviamente, pode gerar bons investimentos.
Recorrer ao dólar e as certezas de uma economia que influencia o mundo todo não apenas traz diferenciais como autonomia e controle sobre a movimentação do próprio dinheiro, mas também praticidade e transparência. Isso sem falar no sentido da proteção patrimonial, que, se guiando por uma moeda forte e em outra jurisdição, se afasta de diversos riscos existentes no Brasil de hoje. Em outras palavras, é uma forma de ter certeza em uma época de incertezas.
(*) – É CEO do transferbank, uma das principais soluções de pagamentos e recebimentos internacionais do Brasil (https://www.transferbank.com.br/).