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Boa reputação rende funcionários qualificados – e felizes

em Artigos
terça-feira, 25 de fevereiro de 2025

Claudia Bouman (*)

Quando elencamos os benefícios de uma boa reputação, é inevitável abordar seu impacto na atração e na retenção de funcionários mais bem qualificados.

Importante lembrar que uma empresa atrativa é aquela cujo conjunto de fatores tem uma balança vantajosa – e não só com benefícios “duros”, como o salário mensal, ou “suaves”, a exemplo de bônus ou pacote de assistência de saúde.

Entre outros, podemos mencionar alguns fatores praticamente intangíveis que fazem com que um funcionário queira fazer parte da equipe:

  1. Segurança emocional – Não adianta pagar bem e massacrar o cidadão. Ele vai querer ir embora em algum momento;
  2. Sentimento de contribuição – Ele precisa entender como seu trabalho, por mais simples que seja, soma para a empresa;
  3. Perspectiva de crescimento e aprendizado – o sentimento de melhoria pessoal, é fundamental para que ele queira ficar.

É o tal “orgulho de pertencer”.

São funcionários que não vacilam em pôr em seu curriculum a passagem por determinada empresa, mesmo que ela não seja uma marca gigantesca como uma Unilever ou uma Ambev, e tantos outros nomes que fazem com que as pessoas falem com orgulho das empresas onde trabalham.

Um bom exemplo é o da Termomecânica, em São Bernardo do Campo (SP). Ali o empresário Salvador Arena, já falecido, criou uma forma de trabalho que atrai funcionários e gera fila para se trabalhar – sendo uma empresa metalúrgica que nunca passou por greves, não emenda feriados e mesmo assim mantém grau de satisfação é altíssimo.

Por outro lado, na extinta agência de propaganda Lage, Stabel/BBDO, um de nossos sócios entrevistou um dia um candidato a gerente de atendimento, um cara que veio do Rio de Janeiro para ser entrevistado. Ele trabalhava na Coca-Cola e, quando entrou garboso na sala do entrevistador com sua pasta de trabalho, deixou à mostra um enorme logotipo da Coca Cola. Um verdadeiro outdoor ambulante, exibindo o orgulho pela marca.

Não se trata, apenas, de ser uma empresa menor; há empresas que pelo próprio mercado em que atuam têm pouco a oferecer ao candidato em termos de charme de um nome elegante. Na copa de 2014, aqui no Brasil, muitas empresas deram camisas da seleção para seus funcionários, mas presenciamos alguns deles tirarem o nome das empresas dessas camisas, quando essa marca não somava à imagem da pessoa.

(Isso aconteceu, por exemplo, com um cidadão que havia arrancado a marca “Brasanitas” de sua camiseta, mas ainda dava para ver o nome na diferença de coloração)
Há um “algo a mais” nesse angu.

As gerações mais recentes parecem menos ligadas a esse fator. São mais imunes a esses sentimentos. São ligados a coisas mais triviais – remuneração, bônus, valor dos fringe benefits como vale refeição e plano de saúde, possibilidade de trabalho misto no escritório e em casa, proximidade da residência. Em determinados casos, facilidade de locomoção, quando a empresa fica mais distante, em Guarulhos, Cotia ou Barueri, por exemplo, e por aí vai.

(Os funcionários de uma prestadora de serviços de tecnologia faziam uma vaquinha para alugar um ônibus que os levassem a Barueri e no fim dia os trouxessem de volta às 5 da tarde. A empresa nunca quis assumir essa despesa …).

Apesar disso, no que tange a clima de trabalho, a verdade é que, por mais que os jovens se digam imunes a isso tudo, empresas bem reputadas não são bem reputadas apenas entre os funcionários. Normalmente são bem reputadas no mercado, no relacionamento com clientes, no bom atendimento do SAC, na forma como recebe fornecedores, na aplicação de princípios ESG, nas práticas comerciais, em respeito por prazos (em tudo, nas entregas, nos pagamentos, nos acordos…). Você pode completar a lista!

Boa reputação é reflexo, por um lado, de práticas empresariais exemplares, a qualidade de produtos (e tudo isso é fundamental), mas também por fatores atitudinais – distensão no ambiente de trabalho, vendedores e atendentes não avançam em seus limites, e por aí vai.

A Fotografia da Reputação, lançamento da Percepta, aponta de forma neutra, pelo olhar externo, tanto oportunidades subutilizadas como ameaças que precisam ser neutralizadas. Para otimizar oportunidades e enfrentar ameaças, é preciso, quase sempre, muita determinação. Sobretudo em questões atitudinais – muitas vezes as mais sutis e arraigadas de qualquer organização.

(*) Especialista em reputação de marca e sócia da Percepta Reputação Empresarial.