Leonardo Ozorio (*)
O ano de 2022 será da renda fixa? É para esta pergunta que todos os investidores, sejam eles pessoas físicas ou jurídicas, procuram orientação.
Mas, para respondê-la, precisamos fazer uma avaliação das principais variáveis que tendem a impactar, não somente a nossa economia, mas a economia global nos próximos meses. Desconsiderando aqui as incertezas com relação a COVID-19 – que podem mudar todo o contexto global -, alguns eventos são certos e devem dar o tom aos negócios.
Internamente, podemos destacar três fatores principais: as eleições presidenciais – e as relativas propostas apresentadas pelos candidatos no que se refere aos programas de transferência de renda e os consequentes impactos nas contas públicas; o controle da inflação e crescimento econômico. Todos estes fatores juntos podem causar turbulências no mercado de ações e grandes oscilações no câmbio.
A cada nova pesquisa ou dado relativo à economia, certamente, veremos reações dos ativos e impactos nos investimentos. Mas lembrem-se: turbulência não derruba avião. Neste contexto, há dois indicadores referentes à nossa economia que podemos dar como certos: a inflação continuará elevada e o Banco Central intensificará o aperto monetário. Claro que não podemos desconsiderar que cenários de grandes oscilações e incertezas proporcionam boas oportunidades para investimentos.
Porém, o investidor precisa estar bem consciente dos riscos aos quais estará exposto. A gestão de riscos é, ainda mais, importante! E a gestão adequada dos riscos é uma para os períodos de volatilidade bem comportada, mas é outra para os períodos de stress. As métricas usadas no primeiro devem ser diferentes das usadas no segundo. Depois de um ano com juro real negativo, quando a inflação oficial superou a casa de 10% e a taxa de juros básica da economia superou 10%, é hora de recompor as carteiras.
Os cenários de curto e médio prazos projetam um ano de grandes oscilações, onde a renda fixa (res)surge como uma opção interessante para o investidor. As previsões indicam uma inflação mais controlada em 2022, em torno de 5%. Já a Selic deve chegar a 12,25%, de acordo com o último Boletim Focus. Caso a inflação fique ligeiramente acima do previsto atualmente, o cenário sugere um juro real positivo na casa de 6%.
Os títulos públicos, que já são ofertados com taxas prefixadas pouco abaixo de 12% ao ano, devem pagar mais prêmio ao investidor. Há ainda uma ampla variedade de papéis de renda fixa, como CDBs, debêntures, CRIs, CRAs, LCI, LCA que oferecem retornos positivos e riscos baixos. Em resumo, retorno positivo, sem grandes riscos, recompondo possíveis perdas acumuladas em 2020 e 2021. O contexto brasileiro é semelhante ao vivenciado por outras grandes economias.
Nos Estados Unidos, por exemplo, as preocupações são muito semelhantes. Além de a inflação americana estar no maior patamar desde 1982, a condução da política monetária pelo Federal Reserve e os programas de transferência de renda são mais alguns fatores que impactarão o desempenho dos investimentos em 2022. Diante e todos estes fatores, diversificar continua sendo a melhor pedida e os ativos de renda fixa devem ganhar prioridade.
É preciso traçar os objetivos de 2022 e evitar mudanças abruptas na carteira ao longo do ano. Com planejamento e foco no longo prazo, 2022 tende a ser um ano positivo, mesmo com todos os solavancos já esperados.
(*) – É diretor de Relações Institucionais da LUZ Soluções Financeiras (www.luz-ef.com).