Valdemir Marques (*)
Vivemos uma era de mudanças aceleradas em função de avanços sociais, culturais e tecnológicos que abrem novas possibilidades.
A extensão dos impactos futuros ainda é imprevisível, dado que a digitalização permite upgrades exponenciais. Neste novo cenário, as necessidades de fazer uma avaliação interna e iniciar uma jornada de reinvenção vieram à tona.
Os paradigmas que formavam a base da nossa cultura na maneira de criar soluções e de realizar negócios com nossos clientes tiveram que ser confrontados e, um a um, ressignificados. Esse novo conjunto de competências nos rejuvenesceu e é o que podemos chamar de “alma digital”.
De acordo com a pesquisa global CEO Outlook 2020, realizada pela consultoria KPMG com 1.300 CEOs de grandes economias mundiais, 67% dos executivos ouvidos afirmaram que a digitalização das operações teve avanços durante a pandemia que colocaram o negócio meses – e até anos – à frente do que eles esperavam; para 20%, o processo de digitalização se manteve como antes da pandemia; e, para apenas 13%, o processo foi atrasado ou inviabilizado por causa da crise.
Para a maioria dos CEOs (87%), também houve aceleração na criação de uma nova força de trabalho, já que a pandemia tornou necessária a contratação de mais funcionários para lidar com os sistemas de automação e inteligência artificial. Com isso, cresce a necessidade de deixarmos para trás velhos hábitos e reforçarmos a nossa obsessão por fazer uma diferença positiva e sustentável na cadeia de valor dos clientes.
É necessário entender o funcionamento, as dores e a organização do mundo corporativo dos mais variados segmentos, de maneira que criemos soluções tecnológicas que amparem os negócios nas suas raízes. Simplificar o mundo empresarial com a tecnologia passa pela revisão do portfólio de ofertas digitais, pelo incentivo a uma cultura de empreendedorismo corporativo, pelo forte estímulo à colaboração em nossas equipes e pela inovação contínua baseada na experimentação.
A nossa “alma digital” também deve perseguir a coinovação com clientes e parceiros, além da disseminação de métodos como Design Thinking, Agile, User Experience e, mais recentemente, Business Agility, com o objetivo de possibilitar que os clientes explorem todos os recursos que as tecnologias que os suportam oferecem. Os impactos e as possibilidades da transformação digital são muitos. Estamos acostumados a ver exemplos, cases e histórias inspiradoras – que vão de grandes empresas a startups bem sucedidas.
Porém, muitos dos modelos mais conhecidos não consideram o cenário brasileiro e suas particularidades, e isso não causa identificação nos gestores locais. A jornada digital é particular em cada mercado e em cada empresa, e conhecer e entender seus próprios desafios e metas é primordial. Em uma realidade cada vez mais digitalizada, é fundamental que a alta gestão valorize e preserve os interessados em inovação.
Para isso, a cultura da empresa precisa quebrar a resistência ao novo, incentivar fatores como criatividade, trocas multidisciplinares, a valorização do pensamento divergente e o confronto sadio de ideias. A principal premissa é aceitar que as mudanças ocorrem, absorvê-las e passar a perceber o mundo com esse olhar atualizado.
Neste caminho de maior capacidade de adaptação, flexibilidade e velocidade nos negócios, o esforço organizacional deve vir também acompanhado de esforço educacional – as empresas de tecnologia podem ser importantes aliadas nesse processo.
Com a missão de disseminar e descomplicar processos corporativos, promover uma transformação digital e ser parceiro durante toda essa jornada de inovação que começa dentro das empresas, queremos entender e criar soluções juntos com nossos clientes, compartilhando a nossa alma digital com todo o ecossistema.
(*) – É diretor executivo de Large Enterprises da TOTVS.