Ricardo Takahira (*)
Os últimos anúncios internacionais de países como Noruega, Alemanha e França, assim como as expectativas pelo posicionamento da China, exigem dos brasileiros pelo menos uma reflexão.
De pequenos países a grandes potências, que são sedes de desenvolvimento das maiores marcas de automóveis do mundo, parece certa a data para o fim da comercialização e – o mais importante e difícil de acreditar – da circulação de automóveis a combustão nestes países. Discute-se no Brasil a política industrial do setor automotivo para os próximos 12 anos, ficando restrita ao GT3 a vertical do que se fará ou não em relação aos veículos elétricos e híbridos no País.
No Brasil, tais veículos ainda possuem números modestos, embora tenham recentemente alcançado aumento de oferta e consumo com a isenção dos impostos de importação (de 35% para 0% no caso dos elétricos puros) e a redução dos mesmos tributos para 4% ou 7% no caso dos híbridos, a depender da eficiência energética. Ainda assim, os veículos elétricos e híbridos no País são dependentes do câmbio e não somam 6 mil unidades computadas até setembro deste ano. Em sua maioria, são híbridos não plug-ins, veículos que não usam e não dependem da infraestrutura de recarga para circularem.
Para os elétricos puros e híbridos plug-ins, que demandam eletropostos, não há regulamentação para a comercialização de energia, restrita aos concessionários da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL). No caso de uma iniciativa privada, a energia elétrica poderia ser gratuita, o que seria suportável pelo baixo custo, somado ao reduzido consumo. No entanto, novas regras serão exigidas para os modelos de negócios emergentes com as tendências de aumento no número de veículos e, consequentemente, no consumo de KW.
Enquanto isso, os superesportivos e os carros de luxo seguem a tendência de se tornarem híbridos sem consulta ao consumidor. O apelo tecnológico, o perfil sustentável das baixas emissões e, sobretudo, a resposta esportiva da tração elétrica tanto na aceleração (grande torque) quanto na frenagem (regeneração), alinhados às políticas públicas e industriais dos países de origem, estimulam no Brasil o consumo e o contato com a nova geração de produtos.
Algumas soluções poderiam levar em consideração o híbrido etanol, não como solução definitiva, mas de transição para os híbridos. Da mesma forma, a pesquisa do etanol como fonte de hidrogênio para os veículos FCV, servindo de justificativa para a adaptação dos produtos com matrizes no País, com algum P&D diferencial e apoio de fomentos e outros players importantes do agronegócio.
Quem tiver interesse de discutir este assunto está convidado para ir ao 6º Simpósio Sae Brasil de Veículos Elétricos e Híbridos, que reunirá lideranças de montadoras, sistemistas, centros de pesquisa, distribuidores de energia, provedores de eletropostos e órgãos do poder público no Clube Transatlântico, nesta quarta-feira (18).
(*) – Ricardo Takahira é consultor proprietário da RTC2 Research & Technology Consulting, chairperson do 6º Simpósio Sae Brasil de Veículos Elétricos e Híbridos e vice coordenador da Comissão Técnica de Veículos Elétricos e Híbridos da Sae Brasil.