Patrícia Esteves (*)
A revolução tecnológica desencadeou uma série de transformações que têm impactado profundamente diversos setores da sociedade. No mundo financeiro, a ascensão das fintechs representa uma mudança significativa na forma como as pessoas gerenciam seu dinheiro e interagem com serviços bancários.
O surgimento dessas startups financeiras trouxe consigo a promessa de simplificar processos, eliminar burocracias e pôr fim às intermináveis filas dos grandes bancos.
A burocracia e as longas filas têm sido uma constante fonte de frustração para clientes de bancos ao redor do mundo. Preencher inúmeros formulários, enfrentar processos morosos e lidar com atendimentos demorados se tornaram aspectos quase inevitáveis das instituições financeiras tradicionais. Nesse cenário, as fintechs emergiram como uma alternativa viável, aproveitando a tecnologia para criar uma experiência mais ágil, conveniente e centrada no cliente.
De acordo com pesquisa da idtech Unico, realizada pelo Instituto Locomotiva, 9 em cada 10 pessoas já passaram por alguma dificuldade na abertura de conta em grandes bancos. Do total, 71% afirmam ter tido prejuízo financeiro com esse tipo de burocracia, e 85% afirmam ter perdido tempo. Para mitigar esse cenário, as fintechs surgem como solução para a simplificação e agilidade dos processos.
Através de aplicativos e plataformas online, essas startups têm sido capazes de digitalizar processos que antes eram totalmente dependentes de papelada e procedimentos manuais. Abrir uma conta, solicitar um empréstimo ou investir dinheiro agora pode ser feito de forma rápida e eficiente, eliminando a necessidade de preenchimento repetitivo de formulários e reduzindo drasticamente o tempo necessário para realizar transações financeiras.
Além disso, as fintechs têm colocado um forte foco na conveniência do cliente. Com interfaces amigáveis e acessíveis, elas tornaram a gestão financeira algo acessível a partir do conforto do lar, eliminando a obrigação de deslocamento até uma agência bancária e a espera em filas.
Empresas que não têm serviços financeiros como core business também estão tirando proveito das fintechs para capturar parte deste mercado. É o caso dos varejistas, que estão cada vez mais adotando soluções financeiras para melhorar a experiência de compra e a fidelização de seus clientes. A contratação de fintechs especializadas em Banking as a Service (BaaS) permite que empresas ofereçam seus próprios serviços financeiros, como cartões de crédito e contas digitais.
A inovação tecnológica por trás das fintechs trouxe consigo um aumento na segurança das transações financeiras. Os sistemas de criptografia, autenticação em duas etapas e outras medidas de segurança implementadas por essas startups ajudaram a minimizar o risco de fraudes e ataques cibernéticos, trazendo mais confiança aos usuários.
Ao contratar uma fintech especializada em BaaS, as empresas que querem oferecer serviços financeiros aos clientes compram tecnologia, segurança e também lidam melhor com um grande desafio: a regulamentação do setor. A regulamentação do setor ainda é um tema em desenvolvimento, com questões relacionadas à proteção do consumidor, segurança financeira e responsabilidade legal que precisam ser cuidadosamente abordadas.
As fintechs estão desempenhando um papel vital na transformação do cenário bancário, oferecendo uma alternativa moderna e ágil para os serviços financeiros tradicionais. Através da simplificação de procedimentos, maior conveniência e enfoque na segurança, elas têm contribuído para o declínio das burocracias e das intermináveis filas que antes caracterizavam os grandes bancos, além de permitirem que empresas de diversos setores possam também oferecer e gerenciar produtos e serviços bancários.
A fusão entre tecnologia e finanças continua a promover uma revolução silenciosa, mas poderosa, que coloca o cliente no centro das operações e redefine para sempre a relação com o dinheiro. O momento das fintechs é agora.
(*) Chief Customer Officer na Zoop. Com mais de 20 anos de experiência, construiu sólida carreira nas áreas de Comunicação e Gestão de Marcas, liderando equipes de marketing em multinacionais como a Walter Thompson, Coca Cola e Nike. Antes da Zoop, ocupou a posição de Head de Marketing do Fox Sports, estando à frente do setor executivo de uma das maiores empresas de conteúdo do país.