José Ricardo Noronha (*)
Os Jogos Olímpicos Rio 2016 nos surpreenderam positivamente desde a inesquecível e emocionante Cerimônia de Abertura, não é mesmo?
São cenas que se eternizam na galeria dos momentos históricos e que nos enchem de inspiração para buscarmos sempre mais. E, ainda, para sempre acreditarmos nos nossos grandiosos sonhos, por mais distantes, difíceis e inatingíveis que eles possam parecer. E, como sempre, os Jogos formam o cenário mais do que perfeito para extrairmos lições de superação para as nossas carreiras e para as nossas vidas.
Como é que podemos nos esquecer da corredora etíope Etenesh Diro que, mesmo depois de ter perdido o seu tênis durante a prova de 3.000 metros com obstáculos, decidiu seguir adiante descalça? E os momentos de tensão e apreensão dos ginastas Diego Hypólito e Arthur Nory antes do anúncio da classificação, que nos brindaram com uma inédita dobradinha de prata e bronze na super competitiva prova individual de solo na Ginástica Artística?
Isso sem falar do êxtase que o realmente lendário Usain Bolt nos proporcionou nas provas seletivas de 100 e 200 metros, além da sua indiscutível vitória na prova dos 100 metros que o levou ao inacreditável tri olímpico? E é exatamente sobre esta lenda que eu quero escrever. Ao invés de falar sobre os incríveis e já tão conhecidos talentos deste jamaicano, que é, de fato, um “homem flecha”, eu quero pedir a sua especial atenção a um “ponto fraco” de Bolt. Ponto fraco? Exatamente!
O homem mais rápido do planeta tem, sim, um ponto fraco, que no atletismo é chamado de “tempo de reação”. Em uma linguagem bastante simplificada para todos nós, que somos leigos neste esporte tão sensacional, trata-se do tempo que ele reage ao “tiro” de largada das provas.
Em praticamente todas as corridas, Bolt é sempre um dos atletas que têm o pior tempo de reação. Isso faz com que ele se mantenha nos primeiros metros da prova mais distante dos seus demais oponentes que largam à sua frente.
No entanto, ele tem alguns pontos fortes que realmente o fazem este atleta tão ovacionado, sensacional, carismático e vitorioso que conhecemos e tanto admiramos. Ele é um atleta muito alto, com seus quase 2 metros, o que torna as suas largas e firmes passadas um ponto dificílimo de ser superado. Junte-se a isso a sua incrível impulsão! Para você ter uma ideia ainda mais precisa: Bolt precisa de apenas 41 passos para completar a prova dos 100 metros, enquanto os seus oponentes precisam de 3 ou até 4 passos a mais que eles.
E o que é que tudo isso tem a ver com a nossa vida profissional? Esta constatação nos explica que muitas vezes deixamos de brilhar por focar excessivamente nos nossos pontos fracos ao invés de dedicarmos os nossos melhores esforços a maximizar os nossos pontos fortes. Inúmeros são os estudos e bons livros que se dedicam ao estudo dos pontos fortes e em todos eles algo fica bastante claro: quando conhecemos bem os nossos grandes pontos fortes e investimos conscientemente para torná-los ainda mais vigorosos, o tão sonhado sucesso fica muito mais possível e próximo.
Portanto, investir nos seus pontos fracos é absoluto desperdício! Invista um tempo de qualidade para, em um primeiro momento, identificar quais são as suas grandes competências. Depois disso, maximize estes seus grandes pontos fortes, pois serão eles os responsáveis para fazer você brilhar! No mundo corporativo cada vez mais competitivo, só se tornam verdadeiros campeões os profissionais que investem em suas grandes competências, dons e talentos, além dos que têm o foco, a garra, a resiliência, a disciplina e a persistência das grandes lendas, como Usain Bolt.
(*) – Formou-se em Direito pela PUC/SP e tem MBA Executivo Internacional pela FIA/USP. Professor dos MBAs da FIA é autor dos livros: ‘Vendedores Vencedores’; e ‘Vendas, Como eu faço?’ (www.paixaoporvendas.com.br).