Flavio Amary (*)
Após meses de profunda apatia, e apesar do ônus gerado pela existência de dois governos (um afastado e outro interino), a economia nacional e os brasileiros dão fortes sinais de retomada da esperança.
No que pese a dificuldade dessa interinidade, o cenário está mudando positivamente. É certo que esse processo de guinada econômica é demorado e será construído paulatinamente a partir da solução do impeachment e da adoção das necessárias medidas macroeconômicas.
Bem sabemos que não é tarefa simples organizar as contas públicas. Foram anos e anos empregados na construção de um déficit incomensurável, calcado na irresponsabilidade de uns e na imoralidade de outros.
Mas a inspiradora perspectiva de um futuro melhor e livre do pessimismo já traz produz efeitos, revelando consistentes indícios que merecem especial atenção. O Índice de Confiança do Consumidor (ICC) medido pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), por exemplo, aumentou 3,4 pontos entre maio e junho, subindo de 67,9 para 71,3 pontos. Este é o melhor número registrado desde junho de 2015. E o mais estimulante é que a alta foi inteiramente determinada pela melhora das expectativas.
Quanto aos prognósticos para próximos seis meses, o indicador que mede o grau de otimismo com base na evolução da situação financeira familiar subiu 6,2 pontos, ou seja, foi de 75,6 para 81,8 pontos, o maior desde janeiro de 2015 (87,6). Entre maio e junho, a parcela de consumidores projetando melhora avançou de 25,8% para 29,6%; a dos que preveem piora recuou de 8,8% para 9,0%.
Também o ICC calculado mensalmente pela Fecomercio (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo) registrou crescimento de 7,9% em junho com relação a maio, fechando em 98 pontos – o maior valor desde abril de 2015.
Esses indicadores revelam que a sociedade tem um novo olhar quanto aos rumos do País, até então envoltos em incertezas. Começamos a inverter a curva da desconfiança, o que demonstra que é hora de repensar expectativas e reavaliar probabilidades. Tais fatos nos autorizam a acreditar que, conforme já detectado pelo Secovi-SP, a demanda por imóveis voltará a crescer. Se não houver qualquer tipo de retrocesso de fundo político, caminhamos para a hora da virada.
Portanto, chegou o momento de acreditar e fazer acontecer. Desta vez, o milagre econômico está em nossas mãos. Seja trabalhando, seja exigindo de governantes e parlamentares medidas responsáveis e eficazes.
(*) – É presidente do Secovi-SP e reitor da Universidade Secovi.