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A decisão de iniciar um IPO como plano estratégico do negócio

em Artigos
segunda-feira, 10 de fevereiro de 2020

Elisa Junqueira Figueiredo (*) e Fabiano Oliveira Rodrigues (**)

As companhias, impulsionadas também pela baixa taxa de juros, iniciaram seus planos de expansão e crescimento, por meio de crédito privado e público acessível a preços nunca visto antes.

Por via de consequência, muitas têm conseguido expandir, reestruturar ou salvar os seus negócios; com uma visão bastante empreendedora, outras optaram pela abertura de capital, que é considerada uma captação de capital a custo baixo, em razão apenas dos custos da operação envolvida (adequação para o registro, contratação de bancos de investimento, escritórios de advocacia, auditoria, emolumentos, etc.).

No ano de 2019, tivemos um exponencial aumento nos números de IPO’s (sigla em inglês para oferta inicial de ações) no Brasil, em consequência da retomada da economia, juros baixos e alta procura de investidores pelo mercado de ações interno. Alguns exemplos de abertura de capital em 2019: Centauro, Vivara e Neoenergia.

O interesse das empresas no IPO vai além da necessidade de captação de recursos e redução do custo para aquisição do capital, pois outros fatores importantes chamam atenção, como: (1) visibilidade da companhia para mercado e clientes; (2) facilitação em processo de M&A (sigla em inglês para fusões e aquisições); (3) saída de investidor estratégico e (4) diluição de risco com demais acionistas.

Para impulsionar ainda mais este mercado, a própria B3 (a Bolsa brasileira), a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) e o Bacen – Banco Central do Brasil já se posicionaram e deram grandes indícios que os custos do valor da operação serão reduzidos (já considerados baixos frente a outras opções), bem como facilitarão a listagem para empresas de menor porte.

Como dito, a operação para listagem no Brasil já possui um custo baixo, tornando essa possível redução e facilitação muito atrativa as companhias, se comparado em relação de preço dos outros países e bolsas do mundo. Segundo dados da PwC (PricewaterhouseCoopers), os custos da oferta no mercado brasileiro, antes da possível redução, em média variam entre 2,5% a 5,6% do valor total da oferta, enquanto nos EUA variam em média entre 4% e 11,7% da oferta.

Logo, isso trouxe um maior leque as empresas de menor porte, uma vez que será possível a abertura de capital, possibilitando a captação de recursos através de investidores interessados no business. Assim, as companhias menores poderão se capitalizar de forma menos onerosa, a fim de expandir e crescer o negócio, impulsionadas pelo apetite dos investidores no mercado de ações, por conta da queda dos juros.

Inclusive, o primeiro “mini-IPO” já está com seu caminho andado: a “Priner” protocolou no 24/01/2020 seu registro e prospecto perante a CVM e B3. Segundo Maria Luíza Filgueiras, repórter de finanças do Valor Econômico, a empresa pode ser avaliada em torno de R$ 500 milhões, com uma captação da ordem de R$ 200 milhões a R$ 220 milhões, o que considera o formato da minioperação, visto que a empresa não possui valor de mercado na casa do bilhão de reais.

A expectativa é de que haja um crescimento na demanda por IPO’s este ano, gerando uma maior movimentação financeira e capitalização das empresas se comparado com o ano de 2019.

Assim, no ambiente econômico atual, é muito importante a companhia estar preparada e alinhada para, dependendo de sua estratégia de crescimento, um possível IPO neste momento favorável. Isso permitirá às empresas desenvolverem uma estratégia abrangente e um plano adequado de crescimento e perenidade através dos recursos captados e novos sócios.

(*) – É sócia fundadora do FF Advogados, responsável pelas áreas de Direito privado com foco em contratos, contencioso cível, arbitragem, imobiliário, família e sucessões ([email protected]).

(**) – É membro da área de contencioso cível ([email protected]).