Vivaldo José Breternitz (*)
O termo “4ª Revolução Industrial” tornou-se conhecido a partir de 2011, quando o governo alemão lançou a iniciativa ”High-Tech Strategy 2020”, anunciando que pretendia tornar aquele país ainda mais forte em termos industriais e de mercado.
Também conhecida como “Indústria 4.0”, a iniciativa pretende redesenhar os processos de manufatura, de forma a que conectando máquinas e sistemas de computador, as empresas possam criar redes inteligentes ao longo de toda a cadeia de valor. As fábricas terão capacidade e autonomia para balancear linhas de produção e estoques, agendar manutenções, prever falhas nos processos e se adaptarem rapidamente aos requisitos e mudanças não planejadas previamente.
Algumas tecnologias que vem crescendo rapidamente são básicas para a Indústria 4.0; dentre as mais relevantes está a Internet das Coisas (Internet of Things – IoT), termo que designa a conexão em rede de objetos, ambientes, veículos e máquinas por meio de dispositivos que permitem a coleta e troca de dados, bem como seu acionamento por meio de sistemas de computador.
Muito importante também o que vem sendo chamado Big Data Analytics: circula nos meios empresariais e acadêmicos a expressão “os dados são o petróleo da nova economia”. Sendo a afirmação exagerada ou não, fica claro que vivemos em tempos onde os dados vem ganhando cada vez mais importância na vida cotidiana, especialmente no mundo corporativo, e que o processo que compreende sua coleta, processamento, visualização e utilização é chamado Big Data/Analytics (BDA).
Para que tudo isso funcione adequadamente, níveis cada vez maiores de segurança são necessários: um dos principais desafios para o sucesso da 4ª Revolução Industrial está na segurança e robustez dos sistemas de informação. Problemas como falhas de software ou na comunicação entre dispositivos ou até mesmo eventuais invasões dos sistemas, podem gerar prejuízos irreparáveis.
A difusão da Indústria 4.0 trará inúmeros impactos: um dos maiores será a viabilização de novos produtos e serviços – em um mercado cada vez mais exigente, as empresas procurarão integrar aos seus produtos as necessidades e preferências específicas de cada cliente – a customização cada vez maior do produto tende a ser uma variável a mais no processo de manufatura, e as fábricas inteligentes serão capazes de levar as exigências de cada cliente em consideração. Também deve aumentar a eficiência da produção, ao evitarem-se paradas não programadas, falta ou excesso de matérias primas ou produtos acabados em estoque etc.
Do ponto de vista das pessoas, haverá boas e más consequências: serão necessários cada vez mais profissionais qualificados e cada vez menos pessoas pouco qualificadas – a sociedade precisa definir como encaminhará esses assuntos.
A única certeza é que já estamos vivendo mais essa Revolução, que não pode ser enfrentada de forma passiva.
(*) – É professor da Faculdade de Computação e Informática da Universidade Presbiteriana Mackenzie.