Michele Liguoro (*)
Antes da pandemia da Covid-19, o mundo já estava orientado a uma ótica voltada à adoção da Transformação Digital, mas com uma velocidade menor.
É fato que a crise de saúde pública mundial acelerou o processo de digitalização. Mas, o potencial de novos negócios gerados em decorrência do Coronavírus só vai ganhar força com um novo padrão de internet: o 5G. Podemos dizer que a tecnologia de quinta geração suportará, com velocidade, as inovações e novidades trazidas, mudando, definitivamente, o nosso modo de pensar em novas tecnologias.
O 5G como padrão para internet móvel irá mudar completamente o que vivemos nas etapas anteriores. No passado, o 2G permitiu o envio de SMS e e-mails sem a necessidade de um computador. Já o 3G endereçou o compartilhamento de fotos e vídeos. E, em seguida, o 4G – geração que vivemos até hoje – possibilitou um ganho de velocidade sem precedentes, permitindo a realização de atividades on-line e, ou, o download de arquivos com agilidade.
Já a tecnologia de quinta geração (5G), que possui uma velocidade considerada 20 vezes maior que o 4G, permitirá uma sociedade ultra conectada, fomentando diretamente novos modelos de negócios e permitindo estabelecer uma nova relação entre a tecnologia e as pessoas.
Graças à sua característica técnica, que vai além das funções tradicionais de telefonia e conexão móvel, a principal vantagem do 5G será sustentar o uso exponencial de tecnologias como IoT (do inglês, Internet das Coisas), Realidade Virtual e Inteligência Artificial e, com isso, possibilitar o desenvolvimento das Smart Cities e da oferta de serviços com um milhão de equipamentos conectados por metro quadrados, menos de 10 milissegundos de latência, entre outras novidades.
Com a sociedade mais conectada, o 5G fomentará, sobretudo, a melhoria da qualidade de vida urbana com casas conectadas, carros autônomos, drones para serviços de entregas, delivery automatizado enquanto acelerador de atividades que podem ser desenvolvidas em casa, melhor qualidade de vídeo para serviços de atendimento a partir de qualquer localidade, gerenciamento de tráfego e segurança em tempo real e uso massivo de inteligência artificial para acelerar análises dos dados e traçar decisões e, ou, tendências de comportamento, entre outros.
O 5G é a premissa para que, de fato, as Smart Cities saiam do papel. Como podemos imaginar, por exemplo, eliminar o congestionamento de tráfego, se a troca de dados entre os agentes móveis é congestionada? Como os carros autodirigidos, outra inovação esperada para o futuro, podem trocar informações em tempo real entre si ou entre dispositivos móveis de pedestres, evitando possíveis colisões?
Enquanto em alguns países da Ásia, Europa e cidades dos Estados Unidos a internet 5G já está sendo implantada, no Brasil o tema segue em discussão. A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) prevê o leilão das redes 5G para o final de 2020, prazo que tem gerado expectativas e confiança de que a tecnologia não vai demorar a se estabelecer no Brasil. Em contrapartida, o Annual Internet Report de 2020, publicado pela Cisco, projeta que o Brasil deve chegar a 2023 com apenas 6% das conexões com 5G.
Mesmo com a prevalência do 4G, o primeiro passo já foi dado – a proposta para o edital de leilão da nova frequência. Somado a isso, a partir de agora, as prestadoras de telefonia poderão implantar redes com a tecnologia 5G utilizando equipamentos que operam nas faixas que elas já utilizam (4G, 3G, 2G e TDMS) desde que os produtos atendam aos requisitos publicados pela Anatel.
A propósito, todas as grandes operadoras de telecomunicações do Brasil já têm cidades de teste com cobertura 5G e os relatórios dos resultados alcançados até agora são realmente contundentes.
A consciência de que esta nova geração irá possibilitar, definitivamente, a melhoria da relação entre as cidades e as pessoas, além da aceleração da adoção de soluções inovadoras e disruptivas, servindo como uma fonte de inspiração para novos e inimagináveis modelos de negócio, representa uma alternativa muito importante, se não a mais esperada, para suportar aos avanços tecnológicos obtidos com a Transformação Digital. Uma nova revolução tecnológica está começando!
(*) – É sales director da Engineering, companhia global de Tecnologia da Informação e consultoria especializada em Transformação Digital (www.engdb.com.br).