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13 de agosto: Dia do Economista – O que comemorar?

em Artigos
quinta-feira, 11 de agosto de 2022

Jefferson Prado (*)

A profissão do economista surge, justamente, com o advento da ciência econômica. E a data, precisamente, de quando a ciência econômica surgiu é uma incógnita.

Adam Smith recebe os louros como o grande fundador dessa nova ciência em 1775 com a divulgação do livro ‘A Riqueza das Nações’. Entretanto, François Quesnay, muito antes de Smith, já havia desenvolvido alguns escritos para resolver problemas econômicos que são estudados até hoje nas faculdades de economia.

De todo modo, o século 18 é o marco que podemos definir como o grande ponto de partida para essa ciência que sempre se manteve atualizada na medida que a sociedade se desenvolvia.

Muitos outros economistas; físicos; engenheiros; matemáticos; estatísticos; e demais especialistas, contribuíram para que a ciência econômica se mantivesse atual, principalmente, nos dias atuais em que se fala muito sobre “ciência dos dados” como algo inovador, enquanto a econometria (ramo da ciência econômica que se utiliza dos dados e da estatística, junto com teoria econômica, para estudar causalidades e realizar previsões) sempre esteve presente na agenda do economista desde 1930, quando Ragnar Frisch e Jan Tinbergen (primeiros ganhadores do prêmio Nobel em 1969) fundaram a Econometric Society.

Com essa evolução, é possível perceber economistas trabalhando em diversas áreas, tais como: saúde, educação, tecnologia, engenharia, direito, dentre outros. O que mostra a versatilidade desse profissional. Entretanto, essa profissão ainda é percebida pela sociedade apenas como pessoas que entendem do mercado financeiro e de decisões político-econômicas tomadas por presidentes, governadores e prefeitos que, muitas vezes, ignoram aquilo que sugerimos.

Quando a decisão se materializa em um equívoco, a culpa recaí sobre nós. Não somente na seara política, como também em assuntos relacionados ao mercado financeiro. Incrível como todo mundo quer ser trader e guru das finanças para vender cursos e livros quando a economia está crescendo (vide o período de 2003-2007).

Engraçado que essas pessoas somem quando a economia vai mal, e a sociedade carece de resposta de alguém que possa explicar o porquê de estarmos em uma situação difícil e de como sairemos dela. Quem será chamado para dar a resposta?
Portanto, ser economista é ser a pessoa que realizará o trabalho sujo. É aquele profissional que tentará medir uma política pública feita por algum político e constatará que ela não teve efeito.

É aquele chato que vai pegar todos os jargões e maneirismos que o mercado gosta de vender (geralmente com terminologias em inglês) e mostrar que, de fato, aquilo que se vende não é o que se anuncia (sugiro o trabalho de Fernando Chague e Bruno Giovannetti da FGV sobre os ganhos dos traders.). É aquela pessoa que vai discutir sobre dogmas e tradições e colocar sempre uma pergunta inconveniente acerca de verdades consideradas absolutas.

Ou seja, para um profissional com esse perfil, o que temos que comemorar? Muita coisa! Por conta desse profissional, grandes inflações em muitos países foram vencidas em virtude de nossos estudos (haja visto o Brasil). Políticas públicas foram melhoradas seguindo nosso acompanhamento. Análises acerca de temas complexos, tais como: racismo, inclusão social, diminuição da pobreza, distribuição de renda, violência, mortalidade infantil, meio ambiente dentre outros, são mais bem elucidados quando se arvoram na teoria econômica e na econometria (vide o sucesso de Freakonomics).

Nesse sentido, esse profissional precisa ser comemorado, homenageado e jamais ser esquecido. Por que ele é melhor que os demais? Não. Porque a Ciência Econômica o faz um profissional apto para responder muitos problemas, e, muitos deles, não são nossos.

Portanto, precisam ser lembrados quando as coisas vão bem, e não apenas quando o país está mal. Feliz dia do Economista! Temos muito o que comemorar, apenas, por sermos nós mesmos.

(*) – É professor de Ciências Econômicas no Centro de Ciências Sociais e Aplicadas da Universidade Presbiteriana Mackenzie.