José Luiz Tejon (*)
Na tecnologia, fizemos revoluções.
A proteína animal se transformou numa área onde as ciências exatas com genética, computação e suas repetições estatísticas gerando consequências probabilísticas planejáveis deram saltos significativos nos últimos 40 anos. Os fatores incontroláveis vêm sendo mitigados, elevando a potência do controlável sob gestão e administração corroborando agora com a explosão da digitalização. Biologia acelera e toma lugar no podium das proteínas. Ambiente, manejo, economia circular, práticas regenerativas e biogás renovável. Causas e efeitos são reunidos como num Lego do design thinking, vinculando fenótipo ao gene e vice versa e, também, corroborando com estratégias de marketing onde a produção rural tratada como volume, arrobas, quilos, toneladas, bushel, litros e containers, precisa chegar no consumo final como poder sensorial, saúde percebida no sabor.
Tudo se transforma numa questão de “valor”, “value system”, onde não basta mais dizer ser sustentável, precisa provar. Tecnologia parte do cenário. Gestão digital é obrigação para oferecer à tecnologia o que ficou combinado na sua criação. E agora o ambiente, com o advento da sustentabilidade, ou vem embarcado e percebido nos produtos originados ou não serão comprados, consequentemente, não vendidos.
De nada adiantará tecnologia e sustentabilidade com os incrementos das ciências humanas, bem-estar animal, dignidade social, além da economia e do meio ambiente se isso tudo não for percebido.
A competição veloz iguala o conhecimento e o acesso ao estado da arte das performances exemplares, portanto, teremos no campo da educação mediática, constante, permanente, solidária e empática, um fator crítico de sucesso dos empreendimentos e das marcas, onde todo supply chain precisará estar ligado na mesma filosofia de valores, com todos os colaboradores, redes de distribuição, consumidores finais e o universo de stakeholders mensurado e conquistado diuturnamente.
Comunicação tem fórmula, e vale sempre ser relembrada: primeiro, saber que não é sinônimo de marketing e, sim, um dos seus componentes para sempre estarmos com um superávit a serviço das percepções acima das realidades; sustentabilidade total percebida é o valor, se não for percebido fica inútil, sem sentido e dá prejuízo. Criar propósito nos corações e mentes dos clientes é importante e predominante.
Comunicação parte do E, do emissor. Se este tem ruídos anteriores na percepção dos targets a serem atingidos de pouca valia, ou mesmo negativa, será assinar egocentricamente a comunicação. Criar reputação é essencial para o emissor obter autoridade, pois é a partir dele que incluímos a mensagem criativa, a estratégia de mídias, a decodificação com avalistas de credibilidade para cada stakeholder e, sem dúvida, avaliação e feedback, com pesquisas perceptuais. À disposição dos leitores, posso dizer que, por exemplo, na Unesp Jaboticabal, com o diretor Antonio Sergio Ferraudo, existe um elenco extraordinário de pesquisas e estudos a serem desenvolvidos em parceria, o que aumentaria consideravelmente a eficácia da fórmula comunicacional. Aproveitem. Comunicação, eficaz e competitiva, sem jamais esquecer da proteção a sua categoria, e desenvolvendo o talento de diálogo com os diferentes e com os indiferentes. Comunicação e percepção serão, cada vez mais, o segredo e a alma do novo agronegócio.
(*) É membro do Conselho Científico Agro Sustentável (CCAS).