A agricultura, assim como outros setores da economia, está intensamente associada à revolução digital e aos seus impactos gerados nos processos de produção, que também incluem conectividade para o uso mais eficiente de insumos e a geração, avaliação e otimização de sistemas integrados de produção, mais sustentáveis. A automação para os novos desafios da chamada agricultura digital tem sido um dos focos de atuação da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), que completou 50 anos no dia 26 de abril.
A busca por esses resultados envolve tecnologias avançadas como internet das coisas (IoT), sensores, veículos autônomos, robótica, computação em nuvem e big data; tecnologias 5G, realidade virtual, realidade aumentada, impressão 3D em alta resolução e uso de tecnologia blockchain. A agricultura digital se concretiza como ferramenta de gestão rural e de integração do produtor com o consumidor baseada em medidas confiáveis e robustas, papel fundamental da instrumentação.
A revolução que marca a agricultura hoje transformou também a história de um dos centros de pesquisa da Empresa: a Embrapa Instrumentação, localizado em São Carlos-SP, e que surgiu em 1984, como unidade de apoio à pesquisa. Formada inicialmente por físicos e engenheiros, teve uma missão bem definida logo na sua criação: realizar a manutenção dos equipamentos de toda a Empresa (a maioria importados), numa época na qual os fabricantes enviavam profissionais do exterior para efetuar os reparos, o que gerava custos elevados baseados em dólar. Com o passar dos anos, foram treinados profissionais das unidades da Empresa em todo o País, gerando economia de recursos financeiros. Posteriormente, passou a núcleo de pesquisa até se tornar um centro nacional.
Novas competências foram agregadas nas áreas de química, engenharia de materiais e de outras áreas das ciências exatas, aliadas ao conhecimento de agrônomos e veterinários, num caráter de atuação multidisciplinar. Trata-se de produzir inovações em instrumentos, sensores, metodologias e materiais, para contribuir com o aumento da produtividade e sustentabilidade do agronegócio.
Ao longo dos anos foram desenvolvidas soluções tecnológicas pautadas no conhecimento e rigor científico, alinhadas às necessidades do mercado, que atenderam diferentes cadeias produtivas, com impactos para produtores rurais, parceiros da iniciativa privada e consumidores.
O agronegócio passa por um momento de forte cobrança por produtividade e sustentabilidade ambiental. Portanto, é inevitável que empresas de insumos agrícolas (máquinas, sensores, fertilizantes, sementes etc), fazendas, cooperativas e a agroindústria estejam também em intensa transformação, com grande incorporação tecnológica em seus processos.
A Embrapa Instrumentação tem atuado fortemente em temas que resultaram na criação de três laboratórios nacionais multiusuários (dos nove existentes em todo o Brasil): Laboratório Nacional de Nanotecnologia para o Agronegócio (LNNA), Laboratório de Referência Nacional em Agricultura de Precisão (Lanapre) e Laboratório Nacional de Agro-Fotônica (Lanaf).
O Centro de Pesquisa, localizado num pólo nacional de inovação, atua em sete das dez tecnologias habilitadoras elencadas pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação: nanotecnologia, fotônica, biotecnologia, materiais avançados, inteligência artificial, internet das coisas (IoT) e robótica.