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Pecuária brasileira pode reduzir emissão de metano entérico por litro de leite

em Agronews
sexta-feira, 19 de maio de 2023

O último Sumário de Touros, do Programa de Melhoramento Genético do Girolando (PMGG), traz a PTA (sigla em inglês que significa capacidade de transmissão prevista para os descendentes) da característica ligada à tolerância ao estresse térmico.

Essa foi a grande novidade de 2022 da avaliação genética da raça, coordenada pela Embrapa Gado de Leite em parceria com a Associação Brasileira dos Criadores de Girolando. A inclusão dessa PTA no sumário foi feita com base nos resultados obtidos por meio de um minucioso estudo, considerando 650 mil controles leiteiros, de mais de 69 mil vacas e, aproximadamente, 21 mil animais genotipados, ao longo de uma década em todo o País.

Estudos recentes mostram também que, entre 2000 e 2020, bovinos Girolando emitiram 39% menos de metano por quilograma de leite. A produção desse alimento, no mesmo período, aumentou 60%. Esses dados, aliados ao conforto térmico apresentado por aqueles animais e ao seu histórico de melhoramento genético, apontam a raça como promissora para o enfrentamento das mudanças climáticas e a redução de gases de efeito estufa.

Os melhoristas explicam que o ótimo desempenho da raça para tolerância ao calor, mantendo a produtividade elevada, resulta do cruzamento do Gir Leiteiro com a raça Holandesa. O primeiro, de origem indiana (Bos indicus), soma séculos de seleção natural para suportar o clima tropical. E, desde 1985, o Programa de Melhoramento Genético do Gir Leiteiro, também coordenado pela Embrapa, intensificou a seleção para características de produção, de reprodução e de adaptabilidade. Já a raça Holandesa, de origem europeia (Bos taurus), foi selecionada tendo como objetivo a alta produção de leite. A soma de ambas as características por meio do cruzamento deu origem ao Girolando, reconhecida pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) como raça sintética nacional, desde 1996.

Imagem: Embrapa

O conforto térmico do Girolando chama a atenção dos produtores das regiões tropicais, que têm de lidar com extremos de calor e de umidade em períodos do ano devido às mudanças climáticas. A Figura 1, abaixo, ilustra os limites de conforto térmico de cada uma das principais composições raciais do Girolando. Na mesma imagem, é possível comparar o limite de conforto térmico identificado na raça Holandesa, utilizando a mesma metodologia.

“Podemos observar a superioridade dos animais Girolando para tolerância ao estresse térmico, uma vez que a diferença pode chegar a 10 °C quando comparamos os limites extremos de tolerância ao calor”, diz Renata Negri, doutora em Zootecnia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e bolsista da Associação Brasileira dos Criadores de Girolando.