O nordeste goiano pode ser tornar nos próximos anos o mais novo polo de fruticultura irrigada do Brasil. Ações nesse sentido já estão em andamento e fazem parte do Projeto de Fruticultura Irrigada do Vão do Paranã. A iniciativa está sendo implementada pela Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Goiás (Seapa/GO) e conta com a parceria da Embrapa Cerrados e da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf).
Inicialmente, vão participar agricultores familiares dos municípios goianos de Flores de Goiás, Formosa e São João d’ Aliança. A área prevista total, cerca de 300 hectares abastecidos pelas barragens do rio Paranã e Ribeirão Porteira, alcança 4.500 famílias de 22 assentamentos rurais. Na fase inicial, o projeto propõe atender cerca de 150 agricultores pré-selecionados por técnicos da Seapa/GO que irão receber kits de irrigação adquiridos pela Codevasf. O investimento foi de R$ 9,3 milhões.
De acordo com o pesquisador e chefe-adjunto de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Cerrados, Lineu Rodrigues, os agricultores serão beneficiados com o melhor da tecnologia de manejo de irrigação que se tem disponível. “A ideia é mostrar que as tecnologias não são exclusivas para um grupo específico e que elas estão acessíveis para qualquer faixa de produtores, independente do seu tamanho e da sua renda”, afirmou.
Segundo ele, a intenção é que esse projeto sirva de modelo para outros no país, fazendo as devidas adaptações. “A fruticultura tem uma importância especial pela quantidade de mão-de-obra que emprega e pela capacidade de gerar retorno econômico e social. Estamos com muita esperança de trazer desenvolvimento social e regional para essas comunidades”, contou. No âmbito do projeto, a Embrapa Cerrados ficará responsável por prestar assistência aos produtores no que diz respeito ao manejo da água e do solo.
O foco inicial será nas culturas do maracujá, manga e pitaya. De acordo com a Seapa/GO, a área tem capacidade de produção estimada de mais de quatro mil toneladas de maracujá e seis mil toneladas de manga por ano, o que, segundo o órgão, deverá se efetivar a partir do segundo e terceiro anos de implantação das culturas, respectivamente. Os agricultores estão sendo selecionados por critérios técnicos, entre eles a disponibilidade de área e água e o interesse em participar das capacitações obrigatórias em manejo e gestão. Cada propriedade receberá um kit de irrigação para atender dois hectares.
“A iniciativa e o projeto são muito importantes porque envolvem parcerias estratégicas ligadas a pesquisa e desenvolvimento, transferência de tecnologia, políticas públicas e setor produtivo. Ações sinérgicas e complementares de todos os parceiros envolvidos serão realizadas para viabilizar a produção da fruticultura irrigada e, assim, transformar uma região carente em um polo de produção de frutas com alto potencial de mercado e elevado valor agregado”, afirmou o chefe de Transferência de Tecnologia e pesquisador da Embrapa Cerrados, Fábio Faleiro.