A destinação sustentável de resíduos da produção agroindustrial tem sido cada vez maior no confinamento de gado de corte. Esses coprodutos, além de serem nutritivos para o animal quando usados como ingredientes das rações, também podem aumentar o desempenho em confinamento e ainda assegurar maior saúde digestiva, desde que utilizados de forma correta na dieta.
Dentro dessa sustentabilidade dos sistemas de produção, o uso de coprodutos na dieta do gado é um poderoso meio de eliminação desses resíduos gerados pelas indústrias e, ainda, reduzir o tempo que os animais permanecem em confinamento.
Um estudo feito pela Unesp de Jaboticabal, interior de São Paulo, entre o final de 2023 e início de 2024, com 36 nutricionistas responsáveis pela alimentação de seis milhões de bovinos de corte confinados de todo o país, que corresponde a 80% dos bois confinados do Brasil, mostra que o percentual dos que usam algum tipo de coproduto na dieta do gado aumentou de 79,7% para 92,7%, entre 2009 e 2023.
Entre os mais utilizados nas dietas de bovinos confinados atualmente estão a polpa cítrica (26,4%), caroço de algodão (17,6%), torta de algodão (17,6%), casca de soja (8,8%), e os DDGs (20,5%), grãos secos de destilaria que são coprodutos da indústria de etanol de milho, considerados alternativa econômica e de alta qualidade proteica na dieta de bovinos.
“Se esses ruminantes não consumissem esses coprodutos, isso poderia se tornar um problema ambiental, de ter que ser reciclado ou processado de alguma forma no meio ambiente”, reforça Danilo Millen, que é PhD em Nutrição de Ruminantes e Zootecnista.
De acordo com o pesquisador, nesta última versão do mapeamento dos confinamentos no Brasil, aparecem alguns da alta indústria em destaque, como o DDG, que é um coproduto das usinas que produzem etanol a partir de grãos de milho. “A gente sabe que hoje em dia temos vários projetos de produção de etanol, não apenas com cana-de-açúcar, mas com uso de milho, aí esse DDG é um coproduto que sai dessa indústria e o gado consome, e aumentou muito o uso desse coproduto, não na mesma proporção que o milho, mas numa proporção significativa da dieta”, explica ele.
De acordo com dados da pesquisa da Unesp, o DDG (20,5%), que vem da produção de etanol com uso de milho, é o segundo coproduto que mais cresceu em utilização na dieta do gado, ultrapassando o caroço de algodão, resíduo que sobra depois do processamento da pluma. Em primeiro lugar nesse último mapeamento está a polpa cítrica (26,4%), que vem do processamento da laranja.
“Eles são extremamente degradados e aproveitados pelo animal, não só o bovino de corte, mas o de leite também, para transformar em produtos que a gente consome como carne e leite”, finaliza Danilo Millen.