Rodrigo Oliveira (*)
A conectividade e a inteligência de dados no agro deixaram de ser diferenciais e passaram a ser ativos obrigatórios para quem almeja alcançar o máximo de eficiência produtiva e responsabilidade socioambiental num cenário de alta competitividade.
É neste contexto que o agricultor brasileiro ganha ainda mais relevância, pois manter o Brasil com o título de celeiro do mundo e polo de desenvolvimento tecnológico agronômico requer muita responsabilidade. Tendo em vista que nossos campos já possuem tudo que precisa em clima, área, água e inovação, é hora de atribuir à conectividade rural o novo componente potencializador da produção de alimentos segura e sustentável que o planeta demanda.
Já parou para pensar que o agricultor brasileiro é ator-chave para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas (ODS/ONU)? Segundo a própria entidade, “a abordagem dos sistemas agroalimentares da FAO considera a agricultura para além das suas funções produtivas e macroeconómicas como o meio para concretizar a segurança alimentar e meios de subsistência resilientes, promover a inovação e catalisar investimentos e parcerias. Esta abordagem foi sintetizada como uma melhor produção; melhor nutrição; um ambiente melhor; e uma vida melhor”.
A conectividade rural aponta mais especificamente para duas metas ODS. O objetivo 9, que trata de Indústria, Inovação e Infraestrutura, pois a inovação abre novos mercados para pequenos agricultores. E o objetivo 13, sobre Ação Climática, uma vez que agricultura é chave na resposta para mudanças climáticas e a conectividade rural é a peça que faltava no quebra-cabeças de análises de dados agrícolas.
Sabemos que não é uma tarefa fácil. Sondando os últimos números do CAR (Cadastro Ambiental Rural), temos que pouco mais de 37% das propriedades rurais possuem conexão 3G /4G. O acesso limitado à internet e sinal de celular não afeta apenas o setor, mas sim o desenvolvimento socioeconômico de todas as comunidades pelo interior do Brasil.
E olha que, mesmo nestas condições, o agricultor brasileiro produz como um gigante. Imagina se pudesse ter à disposição todo o potencial tecnológico do campo destravado pela conectividade? Em 2023, a atividade agrícola atingiu safra recorde mais uma vez e foi a grande impulsionadora do crescimento do PIB, com uma alta de 15,1%. Tudo isso foi alcançado tendo apenas 30% das áreas agrícolas conectadas à internet, segundo dados do IBGE e da Anatel. Para efeito de comparação, competimos com países como os Estados Unidos, onde a pirâmide se inverte, sendo 70% das áreas rurais conectadas e apenas 30% sem acesso à internet.
A SOL By RZK tem se dedicado a sustentar o agricultor nesta jornada. Já são cerca de 450 torres 3G/4G conectando 12 milhões de hectares por todo o território nacional, o que representa 15% da área cultivada brasileira. Estamos falando de, pelo menos, 66 mil propriedades rurais e 200 mil famílias em 14 estados e de um impacto que vai muito além da agricultura. A conectividade rural tem um impacto transformador em diversos aspectos sociais e econômicos. Ela melhora o acesso à educação, saúde e serviços públicos, facilita a comunicação e o engajamento social, fortalecendo os laços comunitários. Recentemente, um comerciante local de uma das regiões onde a Sol instalou torres me agradeceu por simplesmente conseguir usar máquina de cartão em sua lojinha. E isso foi uma virada de página em seu pequeno empreendimento.
Há ainda o aspecto sustentável da conectividade, que permite práticas agrícolas mais precisas e eficientes. Por meio do uso de sensores remotos, IoT (Internet das Coisas) e análise de big data, que só funcionam se houver conectividade, os agricultores podem monitorar o uso de recursos naturais, água e fertilizantes, otimizar o planejamento de cultivos, reduzir consumo de combustível de maquinário, minimizar o desperdício e reduzir a emissão de poluentes, obter previsões climáticas mais certeiras.
Por fim, a conectividade impulsiona significativamente a produtividade agrícola, com maior eficiência agronômica, produtiva, financeira e na gestão de riscos. Propriedades agrícolas conectadas abrem a porteira da inteligência de dados para serviços como telemetria, controle de riscos associados ao uso de maquinário campo, otimização de gargalos antigos como logística, armazenagem e mão-de-obra, relatórios climáticos e tomadas de decisão em tempo real. Pequenos e médios produtores passam a ter na palma da mão todas as informações de suas produções, fazendas, safras e culturas, para poderem comprovar sustentabilidade de forma a obter melhor acesso a incentivos de crédito e seguros.
Essa é a realidade que está posta hoje. Já fica difícil imaginar um agricultor que não queira investir em conectividade rural para seguir contribuindo para um futuro seguro e promissor.
(*) CEO da Sol By RZK, empresa de tecnologias em conectividade rural e inteligência de dados do Grupo RZK.