O ex-procurador da República, Marcello Miller, disse que não cometeu crimes, mas fez “uma lambança” ao orientar o acordo de leniência do grupo J&F antes de deixar o cargo de procurador federal.
“Ao refletir sobre a situação, avaliei que não haveria crime nem ilícito, mas não me atentei para as interpretações que isso poderia suscitar”, disse, ao prestar depoimento ontem (29), no Congresso, à CPMI da JBS.
O ex-procurador acrescentou que estava disponível aos executivos da J&F “às vezes” e afirmou que nunca advogou, recebeu remuneração ou prestou consultoria jurídica para o grupo. Miller, que trabalhava com Rodrigo Janot, até março, pouco antes do fechamento de acordo de colaboração premiada firmada pela procuradoria com a JBS, admitiu que antes de deixar o cargo no MP “estava ajudando a empresa a se limpar”.
“De fato, comecei o contato com a J&F antes da exoneração, não vou negar”, afirmou. Perguntado sobre se orientou os irmãos Batista a gravar conversas com o presidente Temer, Miller foi enfático: “Tenho um filho de cinco anos, pela vida do meu filho, não mandei gravar o presidente”. Sobre trabalhar no escritório de advogacia Trench, Rossi e Watanabe, afirmou que não agiu por ganância (ABr).