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Um contador convicto

em Artigos
sexta-feira, 29 de setembro de 2017

Alexandre Andrade (*)

Engana-se quem pensa que apenas aqueles que perderam oportunidades e fazem parte da estatística do alto desemprego no país se encontram agoniados.

A insatisfação com o trabalho é um problema que a cada dia afeta mais os profissionais. Segundo pesquisa da International Stress Management Association, 72% das pessoas estão insatisfeitas com o trabalho. Falta de concentração, foco, produção reduzida e distração são algumas das características dos insatisfeitos. No entanto, é possível reverter esse quadro, promovendo mudanças e buscando o verdadeiro propósito que o fez escolher a profissão.

Outra pesquisa global, do site Emolument, apontou que o contador ocupa a quinta posição na lista de profissões mais entediantes, a partir da avaliação dos próprios profissionais da área. Divulgado em fevereiro deste ano, o estudo ouviu cerca de 1.300 pessoas em 10 países diferentes para construção do ranking.

Diante desses dados, podemos refletir sobre o que leva 67% dos contadores a terem uma carreira infeliz. Segundo o levantamento, os motivos para o profissional permanecer na mesma empresa são a remuneração e a incerteza sobre o futuro. Se considerarmos a realidade econômica que vivemos, as razões são até compreensíveis, entretanto, essas não devem ser as únicas justificativas.

Mas, por que não virar o jogo e buscar o real sentido do trabalho? Afinal, o profissional deve encontrar em si o verdadeiro propósito para a carreira. É importante ter foco no que se dispõe a fazer, com determinação para alcançar o que deseja. Quem sabe o quer, vai longe e ganha pela persistência de se reinventar a cada dia.

O mercado é concorrido em qualquer área e na contabilidade não seria diferente. Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), vinculado ao Ministério da Educação e divulgado recentemente, afirma que Ciências Contábeis está entre os cinco cursos mais procurados por estudantes brasileiros. Por isso, ter um diferencial é tão importante para não ser mais um entre tantos.

A má notícia é que não há previsão de que a situação se torne mais fácil no futuro breve. Pelo contrário, as circunstâncias atuais obrigam o contador a ter um perfil solucionador, atento as novidades e com capacidade de inovação. E não é somente pela duradoura recessão que estamos vivendo. Com as transformações tecnológicas, os processos dependem do auxílio de sistemas que simplificam a rotina e essa exigência é em alcance global.

Por isso, a atualização profissional deve ser contínua, com a obrigação de estudar e aperfeiçoar as habilidades no mundo digital, além de acompanhar constantemente as mudanças nas leis e regulamentações.

Enfim, o autoconhecimento é o principal aliado para evolução pessoal e profissional. Ao ter ciência dos próprios valores, visão e metas, é possível alcançar os objetivos com mais clareza e encontrar estímulos no exercício da profissão. É fundamental refletir o porquê, para que e como se age no dia a dia, principalmente em um momento em que a inteligência emocional e a resiliência são essenciais para lidar com os desafios que se apresentam.

Desse modo, você estará junto com os 33% de profissionais satisfeitos e que diariamente reafirmam o real propósito da carreira.

(*) – É Diretor do Painel Financeiro e Conselheiro do CRC-RJ.