Angélica Lima (*)
As tendências da moda indicam que o tempo das grandes revoluções e mudanças é coisa do passado.
Agora, a hora é de atitudes mais realistas e pessoais. Vivemos um momento de revolução tecnológica e de aumento de produtividade, fenômenos que impulsionam rupturas de comportamento das novas gerações. Por isso, o momento da moda é de evolução, com o desejo de não-conformidade que favorece a mistura e a liberdade e, portanto, uma pluralidade ligada à vontade de ser singular.
O consumidor tem buscado um posicionamento das empresas em relação ao mundo atual, com ruptura de padrões antigos relacionados à forma de pensar e produzir moda. Nossas pesquisas apontam para um despertar de uma atitude engajadora das marcas junto aos consumidores, uma real aproximação de modo a perceber e a compartilhar valores, propósitos, paixões e sonhos. Sob essa ótica, destacam-se três temáticas principais direcionando estratégias, produtos, processos e comunicação:
1) Coexistência – Os debates sobre a valorização de produtos e recursos locais que comuniquem os valores de sua origem, com abordagem autoral e que evoquem o DNA de uma marca ou de uma região são intensificados por uma nova fase da globalização promovida pelas redes e pela internet, além dos atuais momentos críticos globais (sociais, políticos e econômicos) que aumentam as mudanças de território, status e papéis na sociedade.
Tudo isso nos dá a possibilidade de conviver na moda com variadas interferências culturais, transformando nossas rotinas em um imenso “crossover” que permite a experimentação de diferentes histórias e tradições.
2) Versão Beta – A eterna busca de equilíbrio para melhorar nossas vidas vem junto com um sentimento maior, em que o olhar é mais abrangente, motivando o caminho por um bem comum. A indústria da moda busca caminhos diferentes, nos quais a quebra de padrões e a internalização dos novos valores percebidos pelo consumidor orientam uma nova postura humanizada e inclusiva; bem como a adoção de melhores práticas em cada etapa do processo – do design à produção.
Não se trata de fazer somente o que é “politicamente correto” ou “ser sustentável”, mas sim de buscar uma melhoria construtiva capaz de dialogar com o hoje e com o amanhã.
3) À La Carte – A emoção mais do que nunca transformada em força motriz da economia. Consumidores estão propensos a valorizar mais as experiências e os significados do que os atributos básicos dos produtos e serviços isoladamente. Com a presença cada vez mais ativa das tecnologias ubíquas nas mãos dos usuários do produto final – e das empresas – a moda neste modelo abre caminho para propostas híbridas, onde a experimentação é o fio condutor para um consumo mais engajado e consciente.
Podemos concluir que mesmo em tempos turbulentos para indústria da moda a palavra é proatividade. É preciso se reconectar com o que te move, o seu propósito, identificar seu talento, suas limitações, promover mudanças e, principalmente, promover uma conexão verdadeira com o consumidor por meio de experiências engajadoras e humanizadas que fortaleçam a relação moda-indústria-consumidor.
(*) – É Estilista, Analista de Serviços de Consultoria do Senai Cetiqt, principal centro formador de mão de obra para a cadeia têxtil e de confecção do país.