Na primeira audiência pública promovida pela CPI do BNDES, ontem (23), foram ouvidos representantes do Tribunal de Contas da União (TCU).
Eles detalharam os processos em análise e apontaram indícios de irregularidades nas operações financeiras do banco. Carlos Borges Teixeira, secretário de Controle Externo da Administração Indireta junto ao TCU, apontou prejuízos de R$ 848 milhões para os cofres públicos nas operações que beneficiaram o Grupo JBS.
Ele disse que a auditoria nas operações de crédito do BNDES para a compra, pela JBS, das empresas norte-americanas Swift, National Beef/Smithfield e Pilgrim’s , de 2005 a 2014, indicou um aporte de R$ 5,6 bilhões. Foram recursos públicos subsidiados em três anos, apenas no exterior. Segundo o auditor, os subsídios foram superiores à necessidade de investimento. Do total, R$ 615 milhões não teriam tido nenhuma finalidade específica. E que as ações da JBS foram adquiridas com ágio, contrariando avaliação da equipe de análise do próprio BNDES que apontaram elevado risco na operação em razão da situação financeira da Swift.
“O prazo médio de análise dessas operações no BNDES era em torno de 150 dias úteis. No caso do grupo JBS, foram 22 dias úteis. É algo que nos chama muita atenção em relação ao procedimento nessas operações”, ressaltando
que a avaliação sobre o retorno social desses investimentos, como a geração de empregos, também foi questionada.
Questionado pelo relator da CPI, senador Roberto Rocha (PSB-MA), sobre a atuação do TCU em relação à apuração e à reparação dos danos decorrentes do processo da JBS, o ex procurador-geral do MP junto ao TCU, Paulo Bugarin respondeu que as provas trazidas por Joesley Batista na delação premiada não podem ser utilizadas contra o empresário. A CPI foi criada para investigar irregularidades no programa de globalização das companhias nacionais no âmbito do BNDES desde 2007. O presidente da CPI é o senador (DEM-AP) Davi Alcolumbre(Ag.Senado).