Reginaldo Gonçalves (*)
De acordo com o IBGE, 2016 fechou com 12,3 milhões de desempregados. O preocupante dado decorre principalmente do fraco desempenho da indústria e da fragilidade do quadro político.
A discussão relacionada à redução das receitas governamentais e à falta de corte nos gastos públicos leva a uma situação de dúvidas com relação à melhora na economia e reversão do cenário. Ressalve-se a queda da inflação em 2016 para 6,29%, propiciando a redução da Selic para 13% ao ano, na reunião do Copom de janeiro último.
A reversão do desemprego depende de uma série de situações, como investimentos por parte do governo em obras estruturais (logística), melhor gestão dos preços administrados, estímulos na redução dos juros e flexibilização dos tributos, inclusive com parcelamentos, para dar viabilidade às empresas. Apenas medidas pontuais, como a liberação do seguro desemprego, não ajudaram a aquecer a economia.
O importante, independentemente das ações governamentais, é que os desempregados busquem alternativas para a sua manutenção temporária em épocas de crise. É fundamental, ao menos, ter a possibilidade, mesmo trabalhando de modo informal, que haja a possibilidade de trabalho remunerado e que possa haver a manutenção das condições mínimas de vida com dignidade.
Algumas dicas são importantes, principalmente para quem busca recolocação, ou reemprego:
1º) Não esperar somente o recebimento do seguro desemprego. Ao ser comunicado da demissão, é preciso manter a cabeça fria para ter a condição de pensar em alternativas que possam viabilizar o seu retorno à atividade.
2º) Se não conseguir vaga de emprego em sua área de atuação, procure em outra área que se sinta confortável, mesmo que, temporariamente, tenha de reduzir a base salarial. O ego não pode ser maior do que a necessidade.
3º) Não deixe de fazer cursos de qualificação profissional, principalmente dentro da sua área, para manter-se atualizado. Gastar nesse momento com educação pode inviabilizar a sustentabilidade, mas existem diversos cursos gratuitos, inclusive via internet, que podem melhorar sua qualificação e ajudar em uma nova proposta de emprego.
4º) Busque alternativas domésticas, como fazer comida congelada, salgados, bolos, bombons, corte de cabelo e tratamento de unhas, venda de cosméticos diversos, serviços de limpeza e jardinagem, transporte de passageiros etc. Muitas dessas atividades são informais, mas podem ser transformadas em formais e colaborar para manutenção da vida.
5º) Muitos não dão valor a determinados serviços, mas hoje ainda estão em alta as funções de cuidadores de idosos, crianças e até passeio com cães.
A questão não é menosprezar, mas fazer uma atividade que possa gerar remuneração e manter as condições mínimas da vida em época de crise. Muitos empreendedores nasceram nesses momentos e descobriram vocações que, se não estivessem em crise, não conseguiriam atingir os projetos efetuados.
(*) – É coordenador do curso de Ciências Contábeis da Faculdade Santa Marcelina (FASM).