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A quarta revolução industrial e a humaniodade

em Opinião
quarta-feira, 30 de novembro de 2016

Benedicto Ismael Camargo Dutra (*)

A cultura do século 21 criada pelo raciocínio, com primazia nas finanças, ficou associada ao consumismo e à busca do prazer imediato, mas está faltando uma visão transcendentalista do futuro.

Com o passar do tempo, essa cultura vai acarretando saturação mental e emocional, pois o ser humano anseia naturalmente por algo mais que o mundo material pode oferecer. É a falta da espiritualidade, pressentida de forma consciente ou não, que gera a sensação de que algo está faltando na vida vazia de sentido elevado.

No mundo cada vez mais acelerado, uma porção de coisas feias geram formas que desarmonizam o ambiente provocando desgaste emocional nas pessoas mais sensíveis. De qualquer forma, o ambiente contaminado não beneficia ninguém. Habituadas com a rotina paralisante, as pessoas não visualizam a possibilidade de mudar para melhor.

É preciso equilibrar o trabalho com a vida pessoal nela incluindo a espiritualidade inerente ao ser humano. O trabalho exerce pressão sobre as pessoas provocando cansaço, reduzindo a disposição para manter atitudes proativas, com atenção e foco permanente nos problemas e soluções, mesmo porque há desânimo com o ganho e falta de motivação, o que também se repete na vida familiar, fazendo do modo de viver uma rotina enfadonha, pois não há o forte querer voltado para alvos elevados.

Nesta época de desencontros, muitas pessoas não sabem o que fazer com a própria vida. É necessário incentivar a busca do sentido e do aprimoramento pessoal pelos bons resultados que isso promove. Havia a sensação de que a humanidade ia mudar para melhor. Mas com o passar do tempo, as maldades e misérias só fizeram aumentar.

Todo o potencial humano e tecnológico deveria ter inspirado a busca do aprimoramento para alcançar o beneficiamento do trabalho e do planeta, mas os seres humanos deram mais atenção aos desejos de dominar e aos apelos medíocres para vícios e paixões baixas fartamente divulgadas.

As novas tecnologias estão integrando os mundos físico, digital e biológico num único cenário avassalador sobre as mentes gerando esperanças e apreensões. Até agora pouco se refletiu sobre o modo como as pessoas enriquecem e os países se desenvolvem, e pouco se examinou sobre o significado da vida. É de responsabilidade dos indivíduos a busca por um futuro melhor em que a inovação e a tecnologia sirvam ao aprimoramento, elevando o nível da autoconsciência e da ética.

Esse tema foi discutido na edição do Fórum Econômico Mundial, realizado em Davos, focalizando “quarta revolução industrial”. Segundo Klaus Schwab, fundador e CEO do Fórum, que lançou livro de sua autoria sobre esse assunto, “a nova tecnologia poderá dar início a um novo renascimento cultural que irá permitir que nos sintamos como parte de algo maior do que nós mesmos. A quarta revolução industrial poderá robotizar a humanidade e comprometer as nossas fontes de significado.

Ou então, poderemos usar a quarta revolução industrial para elevar a humanidade a uma nova consciência coletiva e moral. Cabe a todos nós garantir a ocorrência desse cenário”. De fato, observamos que nas revoluções industriais anteriores, o avanço da tecnologia se deu sem o correspondente avanço da espécie humana.

Para que a nova tecnologia não resulte na autodestruição, uma nova humanidade precisa surgir com ética, moralidade e espiritualidade, contribuindo para o beneficiamento e embelezamento da vida e do planeta.

(*) – Realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida. É também coordenador dos sites (www.vidaeaprendizado.com.br) e (www.library.com.br). Autor de: Nola – o manuscrito que abalou o mundo; O segredo de Darwin; O Homem Sábio e os Jovens, entre outros ([email protected]).