As vendas do comércio varejista subiram 0,10% em junho ante maio, na série com ajuste sazonal. Os dados do varejo foram divulgados na manhã de ontem (9), pelo IBGE. Segundo analistas, o varejo dá sinais de estabilização, mas uma recuperação não está garantida, já que a deterioração do mercado de trabalho, a inflação ainda elevada e a restrição de crédito inibem o consumo.
“Com uma alta de 0,10% não dá para falar em recuperação, no máximo podemos ver uma estabilização no varejo, assim como ocorre na atividade econômica como um todo. Estamos chegando ao fim do processo de ajuste econômico, no fundo do poço”, comenta o economista-sênior do banco Haitong, Flávio Serrano. Já o assessor econômico da FecomercioSP, Fábio Pina, chama atenção para a queda de 7% no acumulado do ano até junho. “É uma queda forte sobre uma base já fraca que tínhamos no primeiro semestre do ano passado. Não dá para ser otimista com esses números”, diz.
Na avaliação da economista-chefe da ARX Investimentos, Solange Srour, a atividade do comércio varejista segue fraca, limitada pela renda das famílias, pelo mercado de trabalho e pelo crédito “O processo de retomada da economia não será liderado pelo consumo. Isso se dará pelos investimentos”, aponta. Ela projeta uma redução de 7% para o varejo restrito e de 11% para o ampliado este ano.
Na avaliação dos dados de junho, a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, acredita que o avanço no volume de vendas de tecidos, vestuário e calçados (0,7%) de maio para junho é resultado do frio intenso no começo do inverno. Já a queda de 0,4% em hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo é pontual. “Não dá para cravar uma tendência nesse resultado. Isso pode ser troca de marcas mais caras por produtos mais baratos nos estabelecimentos”, cita.
Em relatório, o Bradesco aponta para o comportamento das vendas do varejo restrito em termos nominais no primeiro semestre de 2016. O banco relata que, após terem registrado estabilidade ao longo de quase todo o ano passado, apesar de a inflação ter mostrado variações superiores a 10% no período, as receitas nominais têm apresentado elevações consecutivas nesses seis primeiros meses do ano. Resumindo as dúvidas que pairam sobre o setor, o Banco Fator afirma que o dado de junho segue indicando ritmo fraco na atividade varejista, ainda que com sinais de estabilização (AE).
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