Antonio Carbonari Netto (*)
O Ensino Superior tradicional realiza-se nas salas de aula. Por muitos anos, foi sendo alterado, na forma dos conteúdos, na didática, na quantidade crescente de alunos e nos equipamentos.
Há pouco tempo, a lousa transformou-se num monitor de TV. E chegaram os notebooks, tablets e smartphones, que permitem aos estudantes aprenderem quando e onde estiverem! Hoje, milhões de pessoas estudam on-line. Milhares têm seus cursos exclusivamente dessa maneira. Há vários aspectos nesse modelo que, pedagogicamente, são melhores e mais eficazes.
O ensino presencial deixa muito a desejar. Em muitas instituições, a falta de infraestrutura tecnológica, de treinamento e recapacitação dos professores tem influenciado negativamente no aprendizado.
O sistema on-line permite muitas melhorias: os dados sobre frequência dos estudos, participação e realização de tarefas discentes, perguntas e respostas individuais e coletivas, simultâneas ou não, dos alunos aos professores, reposição, reestudo e suplementação de temas e conteúdos. O docente moderniza suas funções, tornando-se tutor.
É muito provável que o conceito de qualidade dos cursos on-line seja duramente criticado nos próximos anos. Os conservadores justificarão suas posições contrárias com muita força! Afinal, “Narciso acha feio o que não é espelho” (Caetano Veloso, em Sampa).
Ouviremos muitas conjunções adversativas! Dirão que são favoráveis ao novo processo, mas, porém, contudo, todavia… Poucos enfatizarão o essencial: o resultado de uma aprendizagem eficaz, útil e aplicável e não mais o que e como foi ensinado!
Também é preciso considerar os custos dos cursos presenciais, como locomoção e alimentação, e o tempo despendido nessas atividades.
Será cada vez mais inevitável que os estudantes questionem quanto dos seus gastos com educação referem-se de fato ao aprendizado: prédios, lanchonetes, salas para laboratórios, times de basquete, futebol, espaços para recreação… Nada disso fará sentido se puderem estudar on-line.
Num futuro bem próximo, como já está acontecendo, será possível comprar cursos e materiais pedagógicos de diferentes provedores de conteúdos, obtendo-se a certificação em uma instituição universitária. Há organizações que já fazem isso. O sistema atual, que se torna obsoleto, reflete explicitamente os dogmas da revolução industrial do século passado.
Hoje, estamos na era da aprendizagem e desenvolvimento de competências, úteis aos estudantes para que desenvolvam seus projetos de vida, nem sempre regulamentados e claramente ofertados pelo mercado. A educação passará a ser feita sob medida para o aluno do Século 21, atendendo às suas necessidades, desejos e custos acessíveis. Muito do novo Ensino Superior será mais personalizado, não coletivo.
As modernas tecnologias e seus recursos (tablets, smartphones e plataformas amigáveis de autoaprendizado) farão com que os bons educadores, que serão os grandes “astros” das séries de filmes, novelas e entretenimento da aprendizagem, produzam suas aulas para estudantes de muitos lugares, no município, no país e no mundo!
Ou seja, as funções dos mestres mudarão drasticamente! Sem salas de aula e a presença física dos alunos ou da maioria deles, os professores serão tutores de orientação dos estudos. Assim, contribuirão muito, atendendo número cada vez maior de estudantes, para que estes tenham sucesso em suas aspirações profissionais e projetos de vida.
Tais avanços têm alcance e relevância global, mas seu impacto em países emergentes, como o Brasil, será maior quanto à imperiosa democratização do acesso ao Ensino Superior.
(*) – Matemático pela PUC-Campinas, MBA em Gestão Universitária e Mestre em Administração, Educação e Comunicação pela Universidade São Marcos. É membro da Academia Brasileira de Ciências da Administração e vice-presidente do Sindicato das Entidades Mantenedoras de Ensino Superior do Estado de S. Paulo.