Ingrid Roussenq Fortunato Martins (*)
O bullying não é uma novidade recente, mas apenas há poucos anos ele recebeu um nome específico.
Considera-se bullying todas as formas de atitudes repetitivas e intencionais, contra pessoas específicas, sem motivo aparente, numa relação desigual de poder.
O fenômeno é recorrente, principalmente na infância, pois as crianças passam muito tempo juntas na escola, o que ocasiona conflitos.
Os impactos no desenvolvimento e comportamento são ruins, pois tanto agressores quanto vítimas possuem atributos que precisam ser trabalhados no sentido de se fortalecerem enquanto indivíduos.
Existem diferentes tipos de manifestação do bullying. Desde o material, que envolve furtar, estragar pertences do outro; o físico, incluindo bater, chutar, beliscar, empurrar; até mesmo sexual, ao abusar, assediar, insinuar; o psicológico, que acontece por meio de intimidações, ameaças, ao ignorar, aterrorizar, dominar, chantagear e manipular uma pessoa; o moral e verbal, que ocorre em situações de calúnia, discriminação, apelidos, insultos.
Há, ainda, a ocorrência do ‘cyberbullying’, caracterizado por agressões morais sob forma virtual.
Para combater o bullying, o primeiro passo é a identificação, já que ele nem sempre é percebido com clareza. Há tipos velados e as vítimas têm medo de procurar ajuda. Assim que detectado, é importante conversar com os envolvidos, em um trabalho conjunto entre família e escola. Um aspecto considerável é observar mudanças. A criança que é muito falante e de repente fica mais quieta, ou apresenta medo diante de situações corriqueiras, pode estar sofrendo algum tipo de intimidação.
Em caso de bullying, o tratamento deve ser feito tanto com a vítima quanto com o agressor e a parceria entre a família e a escola é imprescindível para a resolução do problema. Uma comunicação aberta em casa é muito importante, pois os filhos precisam possuir um porto seguro para desabafarem seus problemas e os pais devem mostrar aos filhos que eles podem resolver os conflitos, na medida do possível.
No caso da vítima, é preciso fortalecer sua auto-estima e ajudá-la em seu desenvolvimento, já que enfrentará outras situações não agradáveis no decorrer da vida. Em alguns casos, é indicada ajuda terapêutica, tanto para o aluno quanto para a família. Quando os filhos são os agressores, muitas vezes os pais sofrem quando a escola pontua a agressividade excessiva. Os educadores escolares devem orientar, na medida do possível, que a melhor forma na resolução de conflitos não é a agressão e sim um diálogo aberto.
No Colégio Marista, a mediação de conflitos sempre passa pelo diálogo. Nosso trabalho é baseado na prevenção, por meio de palestras, projetos no qual nosso aluno é o principal agente no combate à violência. Em um dos nossos projetos, os alunos ajudam a cuidar uns dos outros no recreio, sinalizando possíveis problemas com os colegas. Além disso, mantemos uma ouvidoria, com uma caixinha na biblioteca, na qual os alunos podem relatar possíveis casos de bullying.
O diálogo é alimentado com regularidade em rodas de conversa, no trabalho em sala de aula e também em sanções disciplinares. O aluno e a família entendem que vivemos em sociedade com normas e regras que servem para que vivamos melhor e não o contrário.
A prevenção e o diálogo são sempre a melhor opção.
(*) – É diretora educacional do Colégio Marista Criciúma, do Grupo Marista.