Mario Enzio (*)
Pode-se dizer que são algumas categorias de pessoas em uma sociedade, camadas que vivem em todas as condições ou situações. Em ascensão ou não. Há honestos que são dignos e há até os honestos indignos. Honestos ou indignos estão por toda a parte.
Como identificar uma pessoa ilibada, uma pessoa honesta? Alguém que ao chegar num juízo de admissão ou entrada no paraíso hipotético, para gozar de sua virtuosidade, possa dizer com toda certeza: “sou probo, não me deixo corromper, sou alinhado eticamente com o que penso, falo e ajo”.
Vamos lá, sejamos sinceros, está difícil de encontrar quem seja assim? Não, não. Há muitas pessoas corretas o suficiente para sustentar essa postura. Talvez, muito mais do que possamos contar. Eventualmente, mesmo que quiséssemos fazer uma pesquisa seria quase que impossível obter um resultado próximo do desejável.
Como por exemplo, ao perguntar a um político ou um empreiteiro desses que estiveram envolvidos com algum processo, se podem ser considerados honestos e dignos, a reposta espontânea seria reveladora.
O que acha? O dizer ser honesto, não quer dizer que a pessoa seja. Para algumas pessoas essa capacidade pode ser limitada. Assim, como sua modéstia e seu pouco talento, que precisa ser compensado com alguma ação pouco aceitável por parte das pessoas. Entendo que sabemos o que é uma ação desonesta, mas tentar provar o que ser honesto é bem mais difícil.
A percepção de suas ações honestas, em cada pessoa, está na maneira de como interage ou de como se comunica, em síntese. Não basta dizer, tem que ser e mostrar o lado glorioso da honra. Mas, como nem sempre podemos estar presentes analisando as pessoas, enxergamos parte da realidade superficial de cada um.
A única entidade – se é que podemos assim qualificar – que está presente a cada instante, em cada momento, é a consciência de quem está praticando esses atos na vida. Como se o desonesto soubesse a vantagem de ser honesto e se manifestasse conforme seu jogo de interesses. Isso é digno? Esse desonesto dirá que sim, mas é um indigno.
Podemos afirmar: que há muitos que se classificam nessa categoria.
Então, seria mais fácil enganar um homem honesto? Penso que o medo, o escárnio, a raiva, o desrespeito, a anarquia são algumas armas dos desonestos. E mais: a falta de limites e paciência, pois querem provar o improvável. No caso: se foi pego fazendo molecagem, como dizer que foi impensado? E se estava ali, com a mão no doce, para tirar do coleguinha como dizer: “não fui eu”?
Assim, começo a pensar que se a honestidade poderia ser a melhor política, mas por eliminação de hipóteses de que seria difícil viver num cenário onde uma parte das ações é dissimulada, onde cada um utiliza o argumento que lhe convém, ao sabor do que é melhor que dizer para convencer quem pouco sabe de todo enredo, a desonestidade seria a segunda melhor política?
(*) – Escritor, Mestre em Direitos Humanos e Doutorando em Direito e Ciências Sociais. Site (www.marioenzio.com.br).