139 views 2 mins

Sem ajustes, País pode crescer 1% ao ano na próxima década, diz Meirelles

em Manchete
quinta-feira, 17 de março de 2016

Eliaria Andrade

Ex-presidente do BC, Henrique Meirelles.

Rio – O ex-presidente do Banco Central (BC) durante o governo Lula, Henrique Meirelles, acredita que o Brasil poderá encerrar 2016 com uma queda de até 4% no PIB, atingindo a maior recessão da história após o resultado negativo no ano passado (-3,8%). Ao traçar cenários para a economia no longo prazo, Meirelles afirmou que, mantida a incerteza fiscal, o País terá crescimento baixo na próxima década, de 1% ao ano. Em um cenário com reformas esse patamar poderia subir a 4% ao ano em média, afirmou em palestra no Rio, onde abriu a Super Expofood.
Cotado para voltar ao governo, o ex-presidente do BC destacou que o alto nível de reservas internacionais acumulado nos últimos anos é muito importante e dá tempo ao governo para realizar o ajuste do setor externo, em sua opinião relativamente avançado com ajuda da depreciação cambial e a desaceleração da economia. “Reservas são muito importantes e é muito positivo que o Brasil tenha acumulado essas reservas, que são um colchão de liquidez”, disse.
O cenário de Meirelles para 2016 é de inflação persistentemente alta e retração econômica. O mercado prevê no boletim Focus uma queda de 3,7% no PIB, que na visão de Meirelles pode se aprofundar a 4%, levando em conta o carry over de 2015. “(a projeção) Já está com uma recessão grande e não podemos subestimar isso. Pode chegar a ser a maior recessão da história do Brasil”, afirmou. “O desafio maior é porque existe de fato muita incerteza”, completou.
O primeiro cenário traçado por Meirelles prevê a solução de “questões de curto prazo”, mas sem preocupação com a questão fiscal. O cenário básico, com ajuste fiscal mas sem reformas, seria de crescimento de 2% ao ano. Para ele, a única chance de elevar essa perspectiva a 4% ao ano é realizar reformas como a tributária e a previdenciária “no sentido de gerar mais eficiência trabalhista”, o que é combatido por parte do PT (AE).