João Rebequi (*)
Num país onde o agronegócio é o grande motor da economia, como o Brasil, é preocupante o ritmo da saída dos jovens do trabalho meio rural.
A falta de interesse das novas gerações em gerir os negócios familiares no campo é um fenômeno global, mas, com a importância do segmento no país, pode colocar em risco nossa permanência no topo do ranking mundial. Lidar com sucessão familiar nem sempre é fácil, mas os resultados compensam.
Em primeiro lugar, é importante que objetivos como manter a empresa na família, preservar a rentabilidade e mirar no crescimento contínuo sejam ideais compartilhados por aqueles que deixam o negócio e por aqueles que o assumem.
Para reter os jovens no negócio, a transmissão deve ser feita de maneira clara e profissional. Ao invés de herdeiros, pense em sucessores. É preciso entender que as famílias têm filhos, mas as sociedades têm sócios e gestores.
A retirada das gerações mais antigas e a substituição por gerações mais jovens pede um administrador capaz de continuar a gerir o negócio de maneira competente.
Decidir entre dois filhos ou mais, ou entre filhos e empregados tradicionais da empresa pode ser um impasse. A saída, nesse caso, é a transparência. As regras têm um papel importantíssimo durante um processo de sucessão, afinal elas trazem transparência e todos ficam cientes de quais serão as escolhas e como elas serão realizadas.
Todas as regras devem sempre ser construídas em conjunto para que todos fiquem cientes, e devem sempre tratar de competências, tipos de formação necessários para o ingresso na empresa, bagagem profissional necessária, remuneração, avaliação e comportamento.
Outro desafio é conservar as experiências tradicionais válidas e complementá-las com novas soluções, frutos do progresso tecnológico em diversas frentes de trabalho. Nesse cenário, o foco dos envolvidos deve ser a convergência das visões, talentos e ações, visando a modernização contínua, exigida pelo mercado em profunda e rápida evolução. Esse é o segredo do sucesso das empresas rurais na Austrália e Estados Unidos, por exemplo.
Sucessão familiar e gestão compartilhada são dois fatores fundamentais para o futuro do Brasil como potência agrícola. Para garantir esse futuro, é essencial despertar nos jovens o desejo de assumir e gerir o empreendimento dos pais com responsabilidade.
(*) – É presidente do Grupo Valmont no Brasil.