Mario Enzio (*)
Você se impõe limites? Ou é do tipo que deixa a coisa rolar indefinidamente? Se responder: – “que tudo depende” – não é o único.
Agimos conforme as circunstâncias, as motivações, os estímulos, as pulsões, as vontades, as potencialidades. E por aí vão algumas justificativas. Há pessoas que se abraçam em ideologias outras em economias. Umas são do tipo que querem um mundo melhor, mais justo, equânime. Outras em acumular sabedoria, conhecimento, prazeres, dinheiro, sucesso e fama. Como dizia um mestre que tive: tem gente para todo gosto.
Umas incorporam em suas lutas ideias altruístas, como se fosse uma missão de vida. Vemos pessoas abnegadas, despojadas de interesses que mergulham de cabeça para defender ou se oferecer ao serviço de uma causa. Particularmente, tenho receio dos extremistas desse grupo, quando têm uma visão deturpada de seus objetivos. Mas, o mundo fica melhor com pessoas que querem fazer o bem.
Um grupo oposto, ou sabe-se lá onde se encontra, são os que não querem nada com nada. É aquele grupo que pensa somente nos assuntos que lhes interessam. Pensam: “se é para nos beneficiar, iremos resolver”. Ou “se não der algum resultado positivo ou lucrativo, não iremos em frente”. Afinal, por que se preocupar?
Portanto, a hora do basta é sempre relativa. Pergunte-se: sabe afirmar quando algo lhe convém? Fica difícil dizer quando isso irá ocorrer. Com que determinados assuntos irei me chatear? Claro, que quanto mais detalhes acrescentarmos ao enredo, mais fácil fica de dizer se estaremos ou não dando um chega para lá numa situação. Por exemplo: se aparecesse um sujeito insistente tentando vender um carnezinho de uma loja de artigos para casa, você aceitaria ou daria um basta? Diria: “- Isso eu não quero!”.
Vamos complicar os cenários. Não saber dizer não ou não ter noção de quando dar um basta, pode ser fatal. Dependerá das situações que conseguirmos compreender. Um assunto que pede nossa atuação, quando se exigem boas escolhas, e não sabemos o que propor. O que se pode esperar? Uma escolha errada, não é? Pois é, quero dizer: quando precisamos dizer não, e acabamos escolhendo quem a gente não quer. Não soube dizer não. Deveria ter dito: “- Basta. Eu quero uma coisa melhor para mim”.
Geralmente nos sentimos como dito na linguagem comum: “enrolando para não tomar uma decisão definitiva”. Nessas condições, não é raro ficarmos aguardando que algum evento externo aconteça para que se cumpra nosso resultado tão desejado. E se não acontecer? Continuaremos esperando? Ás vezes passa-se uma vida toda esperando por uma boa solução que nunca virá. Por que não sabemos como resolver ou por que não estamos interessados em resolver?
Claro que não se mudam decisões assim, nem se educam pessoas para serem iguaiszinhas, nem que seria legal que todos pensassem da mesma maneira. Mas, bem que poderíamos ser mais participativos em algumas questões sociais. Observe e reveja conceitos, se puder.
(*) – Escritor, Mestre em Direitos Humanos e Doutorando em Direito e Ciências Sociais. Site: (www.marioenzio.com.br).